Primeiro longa de Tata Amaral completa 20 anos e faz campanha para digitalização

Considerado um dos três filmes brasileiros mais importantes da década de 1990 pela crítica especializada, ao lado de “Central do Brasil”, de Walter Salles, e “Alma Corsária”, de Carlos Reichenbach, “Um Céu de Estrelas” (1996) foi um marco da Retomada do Cinema Brasileiro e assinalou a estreia da premiada cineasta Tata Amaral na direção de longa-metragem. A obra foi lançada nos cinemas em 1997 e distribuída comercialmente em VHS. Entretanto, suas cópias em película encontram-se deterioradas. Apesar disso, “Um Céu de Estrelas” é um dos filmes brasileiros mais baixados na internet hoje, por meio de versões não-oficiais de baixa qualidade.

Em comemoração aos 20 anos de seu lançamento comercial, sua equipe decidiu lançar uma campanha de financiamento coletivo, com o objetivo de possibilitar que o filme seja digitalizado profissionalmente e torne-se acessível novamente ao público.

“Um Céu de Estrelas” marcou época. Com uma temática ousada e linguagem inovadora, a câmera capturava a mise-en-scène como se fosse uma cena de documentário, causando a sensação de urgência. O filme conta a história de Dalva (Leona Cavalli), uma cabeleireira do bairro da Mooca, em São Paulo, que ganha em um concurso de penteados uma viagem a Miami. No dia de sua partida, seu ex-noivo, Victor (Paulo Vespúcio Garcia), invade a sua casa e faz dela e da mãe reféns de seu desespero.

A estreia internacional do filme ocorreu em 1996, no Festival de Toronto, e, a partir dali, percorreu importantes festivais, como Berlim, Roterdã, Havana e Boston. No Brasil, o longa que apresentou a cineasta Tata Amaral ao grande público estreou no Festival de Brasília, no qual conquistou os prêmios de melhor direção, roteiro, edição de som e menção especial pelo Júri da Unesco.

“Um Céu de Estrelas” faz parte da safra de filmes da chamada Retomada do Cinema Brasileiro, os quais ajudaram a resgatar a crença de que era possível produzir audiovisual no Brasil. Após o impeachment de Fernando Collor, presidente que extinguiu as políticas públicas para cinema e cultura no país, os mecanismos de apoio foram sendo reconstruídos, e teve início uma lenta retomada da produção de filmes. “Um Céu de Estrelas” está entre os 16 longas-metragens realizados em 1996 no país – número baixíssimo, se comparado aos 143 longas produzidos em 2016.

A campanha para a digitalização do longa tem como primeira meta arrecadar R$ 117.837,29. Esse valor cobrirá os custos do procedimento de digitalização de película, que envolve desde o trabalho minucioso de transposição do negativo até a reconstrução do áudio para os padrões técnicos atuais. Se a primeira meta financeira for atingida, a equipe pretende continuar a arrecadação até alcançar os valores necessários para o lançamento do filme em DVD (R$ 8.757,46) e o relançamento nos cinemas (R$ 30.968,40).

As contribuições para a digitalização do filme podem ser feitas pelo site Catarse (http://catarse.me/umceudeestrelas), com valores a partir de R$ 20.

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