Brasília seleciona filmes de peso como “Piedade”, de Cláudio Assis

Por Maria do Rosário Caetano

O Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, que realiza sua quinquagésima-segunda edição de 22 deste mês a primeiro de dezembro, abriu mão de longas-metragens 100% inéditos, mas, mesmo assim, apresentará uma boa seleção. Destaque para “Piedade”, do tricampeão na conquista do Troféu Candango, o pernambucano Cláudio Assis, e “A Febre”, de Maya Da-Rin, que vem recebendo ótima acolhida em festivais internacionais. “Piedade” reúne, em seu elenco, time estrelar – Fernanda Montenegro, Matheus Nachtergaele, Cauã Reymond, Gabriel Leone e Irandhir Santos.

Na Mostra Brasília BRB, destinada à produção candanga, verifica-se fato inédito: quatro longas-metragens em competição. Número recorde. Os selecionados somam-se ao representante da cidade na competição principal (o documentário “O Tempo que Resta”, de Thaís Borges) e a dois filmes que podem ser exibidos em caráter hors concours – o novo documentário de Vladimir Carvalho (“Giocondo Dias, Ilustre Clandestino”) e o segundo longa de Iberê Carvalho, “O Homem Cordial”, que rendeu, em Gramado, o Kikito de melhor ator a seu protagonista, Paulo Miklos. Se estes filmes forem escalados para a abertura e o encerramento do mais antigo festival do país, Brasília estará representada por sete longas-metragens, algo nunca visto em 54 anos (desde 1965, quando Paulo Emilio Salles Gomes e equipe criaram a Semana do Cinema Brasileiro, depois chamada Festival).

A força da descentralização cultural continua se fazendo sentir na seleção da nova curadoria colegiada brasiliense. Do Mato Grosso, chega “Loop”, filme inédito de Bruno Bini; do Paraná, a comédia homoafetiva “Alice Júnior”, de Gil Barone (exibida no Festival de Vitória e na Mostra SP); do Distrito Federal, o documentário inédito “O Tempo que Resta”, e de Pernambuco, “Piedade”. O Rio de Janeiro tem dois representantes, o documentário “O Mês que Não Terminou”, de Francisco Bosco e Raul Mourão (exibido na Mostra SP), e “A Febre”, híbrido de Maya Da-Rin, que tem como protagonista o xamã e ativista indígena Regis Myrupu. São Paulo marca presença com “Volume Morto”, de Kauê Telloli.

A presença feminina na direção, cada vez mais notável e volumosa, se faz sentir nas várias mostras de longas e curtas-metragens do festival. Na competição ao Troféu Candango, destacam-se a brasiliense Thaís Borges e a carioca Maya Da-Rin. O cinema black, que começa a ganhar o espaço que merece, segue ainda no campo das exceções.

A Mostra Brasília BRB, criada para substituir a Mostra Câmara Legislativa do DF – o atual comando parlamentar distrital preferiu carrear os recursos destinados ao evento candango a outros projetos – apresentará os longas-metragens “Ainda Temos a Imensidão da Noite”, ficção de Gustavo Galvão, “Dulcina”, documentário de Glória Teixeira (sobre a grande atriz que escolheu Brasília como sede de sua escola de teatro e derradeira morada), “Mãe”, ficção de Adriana Vasconcelos, e “Mito e Música: A Mensagem de Fernando Pessoa”, documentário, de Rama de Oliveira e André Luiz Oliveira. Note-se que a presença feminina na competição distrital é das mais estimulantes.

Abaixo, lista com os curtas-metragens selecionados para a mostra nacional e distrital:

Curtas (Mostra Nacional)

. Alfazema (RJ), de Sabrina Fidalgo
. Amor aos Vintes Anos (SP), de Felipe Poroger e Toti Loureiro
. Angela (MG), de Marília Nogueira
. Ari y Yo (PA), de Adriana de Faria
. Cabeça de Rua (MG), de Angélica Lourenço
. Caranguejo Rei (PE), de Enock Carvalho e Matheus Farias
. Carne (SP), de Camila Kater
. Chico Mendes: Um Legado a Defender (DF), de João Inácio
. “Marco” (CE), de Sara Benvenuto
. A Nave de Mané Socó (PE), de Severino Dadá
. Parabéns a Você (PR), de Andréia Kaláboa
. Pelano! (BA), de Christina Mariani e Calebe Lopes
. Rã (SP de Julia Zakia e Ana Flávia Cavalcanti
. Sangro (SP), de Tiago Minamisawa, Bruno Castro e Guto BR

Curtas (Mostra Brasília BRB)

. AmbulaTório, de Júlia de Lannoy
. Cláudia e o Crocodilo, de Raquel Piantino
. Encanto Feminino, de Fabíola de Andrade
. Escola sem Sentido, de Thiago Foresti
. Luis Humberto: O Olhar Possível, de Mariana Costa e Rafael Lobo
. “#SOMOSAMAZÔNIA”, de João Inácio
. A Terra em que Pisar, de Fáuston da Silva
. O Véu de Armani, de Renata Diniz

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