CineOP online revisita os 70 anos da TV no Brasil

A CineOP (Mostra de Cinema de Ouro Preto) realizará, por causa da pandemia da Covid-19, sua décima-quinta edição no espaço virtual. Desta quinta-feira, 3 de setembro, até segunda, 7, serão exibidos mais de cem filmes, haverá “live-shows” (um deles de Lô Borges, em homenagem a Milton Nascimento), debates, oficinas, masterclasses internacionais e exposição virtual com imagens das 14 edições anteriores deste evento dedicado à memória, ao patrimônio histórico e audiovisual e à Educação. Toda a programação é gratuita.

Treze dos 101 filmes programados são longas-metragens, onze são médias e 76 curtas, distribuídos em sete mostras: Preservação, História, Educação, Mostrinha, Valores, Cine-Escola e Contemporânea. Basta acessar o endereço www.cineop.com.br para conferir a programação.

Entre os longas-metragens, há filmes recentes como “Dorivando Saravá, o Preto que Virou Mar”, do baiano Henrique Dantas, mergulho na africanidade do compositor Dorival Caymmi, “A Jangada de Welles”, dos cearenses Firmino Holanda e Petrus Cariry, sobre as filmagens realizadas pelo diretor de “Cidadão Kane” em Fortaleza (para o inacabado “It’s All True”), “Fotografação”, de Lauro Escorel, e “Meu Nome é Daniel”, de Daniel Gonçalves. E clássicos como “Wilsinho Galileia”, de João Batista de Andrade, e “Pixote – A Lei do Mais Fraco”, de Hector Babenco.

Entre as produções de média-metragem, destacam-se “A Luta do Povo”, de Renato Tapajós, e “Olho de Gato Perdido”, de Vitor Graize. Quem se interessa por filmes de temática social e política não pode perder “A Luta do Povo”, que o cineasta, escritor e ex-guerrilheiro Tapajós realizou em 1980, portanto um ano antes de seu filme mais famoso, o longa “Linha de Montagem”, eleito um dos 100 mais importantes documentários brasileiros de todos os tempos (pela Abraccine – Associação Brasileira de Críticos de Cinema). Se este filme mergulha nas lutas metalúrgicas no ABC paulista, o média-metragem “A Luta do Povo” se ocupa em registrar protestos populares ocorridos em São Paulo, de 1978 a 1980. Entre eles, o Movimento Contra a Carestia, o Movimento das Favelas, o Encontro de Posseiros no Vale do Paraíba, o Movimento pela Saúde e as Manifestações do Primeiro de Maio. Sem esquecer os protestos contra o assassinato do operário Santo Dias da Silva. O documentário ganhou o Prêmio Glauber Rocha, principal láurea da Jornada de Cinema da Bahia, em 1981.

O público poderá assistir, também, a uma seleção de curtas-metragens, como “Acabaram-se os Otários”, de Rafael Luna e Reinaldo Cardenuto (sobre filme desaparecido de Lulu de Barros, tido como o primeiro longa sonoro brasileiro), “Extratos”, de Sinai Sganzerla, “A Viagem do seu Arlindo”, de Sheila Atoé, e “Dona Cila, Não me Espere para o Jantar”, de Carlos Segundo.

Além dos mais de cem filmes programados, a CineOP promoverá o tradicional Encontro Nacional de Arquivos e Acervos Audiovisuais Brasileiros, o Encontro da Educação (XII Fórum da Rede Kino), diálogos audiovisuais e rodas de conversa com a participação de 75 profissionais.

A abertura da 15a CineOP acontecerá na noite desta quinta-feira, às 20h, com debate entre o líder indígena Ailton Krenak e o multartista Tadeu Jungle. Os dois refletirão sobre a temática central desse ano – o “Cinema de Todas as Telas”. Há que se lembrar que a TV Brasileira faz 70 anos (pois foi inaugurada, por Assis Chateaubriand e sua pioneira TV Tupi, em 1950). A CineOP vai discutir, também, a multiplicação de telas trazida pela revolução digital, as grandes companhias de streaming e os desafios que se colocam, no plano político-cultural, na luta pela garantia de espaço efetivo e produtivo para o audiovisual brasileiro.

Além do debate, a noite inaugural da mostra ouro-pretana contará com exibição do documentário experimental “Avesso, Festa, Baile”, que Tadeu Jungle realizou em 1983. Trata-se de registro em média-metragem do programa musical “Festa Baile”, produzido pela TV Cultura paulistana, com apresentação de Agnaldo Rayol e Branca Ribeiro.

Os 70 anos de implantação da TV no Brasil serão lembrados em outras mesas. Uma delas vai debater “TV, Rádio e Vídeo na Educação”, e contará com Marília Franco, professora da USP, Marcus Tavares, gerente de formação da TV Escola, e Renata Tupinambá, da Rádio Yandê, e mediação de Esther Hamburger (ECA-USP). O grupo vai refletir sobre “o acesso público à comunicação como direito fundamental” e sua implementação “como prática pedagógica relevante para a garantia da cidadania e democratização da sociedade”.

15ª CineOP – Mostra de Cinema de Ouro Preto
Data:
3 a 7 de setembro
Com exibição online de 101 filmes, Encontro Nacional de Arquivos e Acervos Audiovisuais Brasileiros, Encontro de Educação (Fórum da Rede Kino), debates, oficinas, masterclass internacionais, rodas de conversa, shows e performances
Programação gratuita
Realização: Universo Produções, em parceria com o Sesc Minas e Universidade Federal de Ouro Preto. As “lives-shows”, que também são gratuitas e poderão ser acompanhadas de onde estiver o interessado, pelo site do evento (www.cineop.com.br) e pelo canal do Youtube do Sesc em Minas.

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