Santos Film Festival mostra novo filme de Caco Ciocler e homenageia Wagner Assis

Por Maria do Rosário Caetano

O Santos Film Festival, que realiza sua oitava edição a partir dessa terça-feira, 21, prosseguindo em sessões presenciais e algumas atividades on-line até dia 29 de junho, contará com sete longas-metragens na competição nacional, e 21 curtas, sendo 14 na competição brasileira e sete na regional.

Onze salas da Baixada Santista exibirão mais de 50 filmes e a mostra principal, a de longas-metragens, acontecerá no pequeno, mas charmoso Cine Arte Posto 4, situado no imenso calçadão-jardim que margeia a praia.

A sessão inaugural, na noite desta terça-feira, promoverá, no tradicional Cine Roxy, exibição de “Sexcore: A História do Carnal Desire”, de Rodiney Assunção. Haverá homenagem ao cineasta Wagner Assis, diretor de “Kardec, a História por Trás do Nome” e de “Nosso Lar”, ambos de temática espírita, e à designer gráfica Márcia Okida.

Dois títulos chamam atenção especial na mostra competitiva de longas. “O Melhor Lugar do Mundo é Agora”, terceiro documentário do ator e cineasta Caco Ciocler, realizado durante a pandemia com colegas de ofício. Atores fechados em casa, por causa do coronavírus (entre eles, Luciana Paes, Márcio Vito, Nilceia Vicente, Georgette Fadel e Claudia Missura). O outro longa, “Germino Pétalas no Asfalto”, da campineira Coraci Ruiz, em parceria com Julio Matos – sequencia “Limiar”, filme anterior da realizadora, registro do processo de transição de sua filha Violeta, que transformou -se no jovem Noah. Desta vez, Coraci acompanha o processo de transição de Jack, amigo de seu filho Noah, que se dá em tempo político-histórico bem diferente (o Brasil de Bolsonaro, mergulhado em onda de explícito conservadorismo).

Os melômanos vão gostar de “Toada para José Siqueira”, de Eduardo Consonni e Rodrigo T. Marques. Nesta cinebiografia do compositor paraibano, que fez carreira no Rio, José de Lima Siqueira (1907-1985), a dupla desenha retrato do artista que foi também maestro e professor, dedicando-se, por inteiro, à música erudita e orquestral.

Completam a competição os filmes “Bia Mais Um”, do paranaense Wellington Sari, “A Cidade dos Abismos”, de Priscyla Bettim e Renato Coelho, “A Quem Interessa a Ignorância?”, de Alexandre Carvalho, e “O Povo Pode?”, de Max Alvim, os três de São Paulo.

Entre os curtas-metragens nacionais, um chama atenção especial, “Um filme com Celso Marconi”, da dupla recifolindense Helder Lopes e Paulo de Sá Vieira. Eles escolheram como tema desse documentário de 22 minutos, personagem muito especial na vida cultural pernambucana, o jornalista, programador, professor e crítico de cinema Celso Marconi Medeiros Lins. Trata-se do crítico mais longevo do país. Aos 91 anos (completará 92 em agosto), ele segue vendo filmes no streaming e até em salas de cinema e escrevendo com assiduidade em seu espaço digital. Ano passado, Marconi foi tema do livro “O Senhor do Tempo”, do crítico e professor universitário Luiz Joaquim, publicado pela Coleção Perfis, da Cepe (Companhia Editora de Pernambuco).

Celso Marconi com com Alceu Valença

Este ano, o Santos Film Festival prestará homenagem a um cineasta, roteirista e produtor, o carioca Wagner Assis, dedicado a filmes que buscam diálogo com o grande público. Pelo menos uma vez ele acertou seu alvo, com o longa espírita “Nosso Lar”. Este vendeu mais de 4 milhões de ingressos e, em 2010, junto com “Chico Xavier” (Daniel Filho, também de temática espírita) e “Tropa de Elite 2” (José Padilha) conseguiu algo raro na história do cinema brasileiro: ocupar mais da metade do circuito exibidor com a prata da casa. O mais comum é que blockbusters norte-americanos ocupem, às vezes sozinhos (caso dos filmes de super-heróis da Marvel), 80% das salas de cinema. De Wagner Assis, serão exibidos oito produções ficcionais e documenta is.

Entre os programas especiais, o Santos Film Festival programou, no Cine Arte Posto 4, sessão comemorativa dos 20 anos de “Cidade de Deus”, de Fernando Meirelles (com codireção de Kátia Lund). E, também, sessão especial de “O Poderoso Chefão – 50 Anos”, de Francis Ford Coppola (na Cinemateca de Santos). Para festejar os dois filmes, será realizada a exposição “De Don Corleone a Zé Pequeno”, com programação visual de Márcia Okida (no hall do complexo Roxy de Cinemas).

Outra sessão especial, esta ambientada no Cine Roxy 5, apresentará o documentário “Flores do Cárcere”, de Bárbara Cunha e Paulo Caldas (ele, um dos diretores de “Baile Perfumado”), já que o filme foi integralmente rodado na cidade. A dupla de cineastas regressa, doze anos depois, ao Presídio Feminino de Santos (hoje abandonado), com a ex-detentas Mel, Xakia, Dani, Charlene, Rosa e Ana Pérola, para que revisitem e reflitam sobre a antiga experiência. E falem, entre outros temas, de afetos, autoestima e reinserção na sociedade.

MOSTRAS COMPETITIVAS E INFORMATIVAS

Mostra Brasil de curtas (exibição no Cine Arte Posto 4)

– Um filme com Celso Marconi , 22′. De Helder Lopes e Paulo de Sá Vieira (PE)
– Irmãos de Tinta , 8′. De Marta Nehring, SP
– Futuros Amantes, 15′. De Jessika Goulart, RJ
– Luta pela Terra 29′. De Camilla Shinoda e Tiago de Aragão, Brasília, DF / Comunidade Sabiá (RR) /Autazes (AM)
– O Elemento Tinta, 9′. De Luiz Maudonnet e Iuri Salles, SP
– Madrugada, 19′. De Leonardo da Rosa e Gianluca Cozza, RS
– Não Olhe para Trás , 14′. De Malu Portela, RJ

Mostra Brasil Curtas de Animação (Exibição na Praça Abílio Rodrigues Paes, Instituto Arte no Dique, Escola Olga Curi e Associação Tia Egle)

– Anantara, 12′, de Douglas Alves Ferreira, SP
– Assum Preto, 3’10, de Bako Machado, PE
– E-Valdir, 3′, de Gabriel O. Leite, São Paulo/SP
– Ewé de Òsányìn: o Segredo das Folhas, 22′, de Pâmela Peregrino, AL,/BA/RJ
– Faísca , 5′, de Luca Tarti e Paulo Lima, SP
– Mind Duck, 2′, de Lilly Nogami, SP
– Shazem! 1’33, de Maiara Araújo, Embu das Artes/SP

Mostra Regional de Curtas (Cine Roxy 5)

– Fim, 14′, de José Roberto Torero, Santos/SP
– Além da Tela , 14’49, de Arthur Oliveira, Santos/SP
– Preciso Parir uma Lágrima , 24′, de Cibele Appes, Santos e São Vicente
– Raízes do Mercado, 17’32, de Daniel C. Souza, Francina F. de Lisboa, Jaime Santos e Samara Faustino, Santos/SP
– Raízes, 17’41, de Mayara Gomez e Beatriz Reis, Santos/SP
– Aline , 12’16, de Felipe Petrarchi, Santos/SP
– Deus de Areia , 25′, de Kauê Nunes, Santos/SP

Longas de cineastas da Baixada Santista (Cine Arte Posto 4)

– Abismo: Minha História de Violência , de Nildo Ferreira, SP (75′)
– Daddies – Histórias de Homens Gays com 50+ , de Platão Capurro Filho e Eduardo Ferreira, São Vicente/SP (62′)

Retrospectiva Wagner de Assis (Cine Arte Posto 4)

– “Nosso Lar” (2010), 105′
– “Kardec, A História Por Trás do Nome” (2019), 110′
– “A Menina Índigo” (2016), 99′
– “A Cartomante” (2004), 90′ (direção em parceria com Pablo Uranga)
– “Amor Assombrado” (2019), 91′
– “A Face Oculta da Medicina” (2019), 62′ (doc)
– “Cidade Maravilhosa” (2022), (doc)
– “Rogai por Nós – Os Santos do Brasil” (2022), 99′ (doc)

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