Estranho amor

O curta-metragem “Pouco Mais de um Mês”, do jovem realizador de Contagem, Minas Gerais, André Novais Oliveira, ganhou destaque ao ser exibido na Quinzena dos Realizadores do Festival de Cannes deste ano, de onde saiu com uma menção honrosa. Foi uma grande conquista para os realizadores que fazem seus filmes longe dos centros de produção.

O filme narra os 30 dias de namoro de um casal, André e Élida, que agem com certa estranheza no relacionamento, como se algo desencontrado e não visível rondasse o namoro. E esta expectativa é captada por uma câmera subjetiva que olha os personagens com voyeurismo, um olhar escondido, espiando a vida íntima de duas pessoas alheias, na espera de descobrir algo de suas vidas também nos seus silêncios.

O casal é vivido por André Novais, o próprio diretor, e sua namorada, Élida Silpe. Apesar de o filme não ser autobiográfico, a intimidade do casal parece ter refletido no propósito dos personagens, resultando o contrário, do perto para o longe. O distanciamento entre André e Élida, que marca a narrativa do filme, gera estranheza e incerteza na relação, que é firmada pelo discurso, contrastando com o que se emana do silêncio revelador de ambos.

André Novais, de 28 anos, é formado em História na PUC-Minas, e atua com mais dois sócios na produtora Filmes de Plástico. Dirige curtas desde 2004, com seis trabalhos no currículo, e participação em mais de 40 festivais, incluindo o curta “Dona Sônia Pediu uma Arma de seu Vizinho Alcides”, que participou dos festivais internacionais de cinema de Rotterdan e Clermond-Ferrand. Atualmente, André se prepara para filmar seu primeiro longa-metragem chamado “Ela Volta na Quinta”, contemplado pelo edital do governo de Minas Gerais.

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