Em memória de Gabo
O mundo da literatura festeja Gabriel García Márquez, morto em abril do ano passado, como um de seus nomes mais ilustres. Tanto que sua obra foi reconhecida pela Academia Sueca, com o Prêmio Nobel (1982). A atuação de Gabo como jornalista também obteve grande reconhecimento internacional e o melhor de sua produção para jornais e revistas foi reunido em cinco grossos volumes, lançados em vários países (no Brasil, pela Record). Ele até criou a Fundação do Novo Periodismo Latino-Americano para premiar o melhor do jornalismo produzido em nossos países. Mas a imensa contribuição de Gabo ao cinema ainda espera reconhecimento.
Na cerimônia de entrega do Oscar, em fevereiro passado, ele foi lembrado entre os mortos ilustres, mas por um rápido instante. Para marcar a imensa contribuição do escritor ao cinema, a Fundação do Novo Cinema Latino-Americano (FNCL), sediada em Cuba, dedicará os festejos de seus 30 anos ao colombiano que teve muito de sua criação ficcional adaptada para a tela grande. E que escreveu diversos roteiros, inclusive em parceria com os brasileiros Ruy Guerra e Orlando Senna.
Gabo criou, em 1985, com cineastas de toda a América Latina e Caribe, a FNCL, sediada em uma bela finca, em Havana. Além de presidir a instituição, ele doou dinheiro próprio, ganho com alguns de seus livros para que a instituição não deixasse de funcionar. E atraiu, com seu prestígio, doações internacionais. Para a Fundação e para seu projeto mais dispendioso: a Escola Internacional de Cinema e TV de San Antonio de los Baños de Cuba.
Os diretores da FNCL decidiram que “a melhor maneira de festejar os 30 anos da instituição é lutar pela continuidade do labor sistemático de García Márquez empreendido a serviço do audiovisual latino-americano e caribenho”. Por isto, sob coordenação do também colombiano Lisandro Duque, que filmou “Milagre em Roma”, roteiro do conterrâneo ilustre, será realizada série documental sobre a relação de Gabo com o cinema da região.