Os primórdios do cinema, por Guilherme de Almeida
Um dos pioneiros da crítica cinematográfica e dos costumes de São Paulo, através de suas crônicas diárias, Guilherme de Almeida acaba de lançar, pela editora Unesp, “Cinematographos – Antologia da Crítica Cinematográfica”, organizado pelos pesquisadores Donny Correia e Marcelo Tápia. O título refere-se à coluna sobre cinema que escreveu no jornal “O Estado de São Paulo”, entre 1926 e 1942, sob o pseudônimo de “G”. Os textos de Guilherme são como visitar um museu, onde podemos perceber o calor do momento em que o cinema virou arte, o cinema mudo ficou sonoro e o preto e branco se tornou colorido, quando surgia “Tempos Modernos” e “O Encouraçado Potemkin”. E quando Hollywood se tornou a cidade “da perdição, a nova Sodoma, babilônia moderna”.
Do cinema brasileiro na época, Guilherme falou pouco, mas aplaudiu a chegada do som no cinema, porque assim poderíamos ouvir o som do nosso sabiá, e como o filme “Escrava Isaura”, em 1929, tinha condições para virar um sucesso. As crônicas de Guilherme de Almeida acompanha o desenvolvimento da cidade de São Paulo rumo ao modernismo, suas luzes e movimento, sua vida agitada, muitas vezes expostos como analogia aos filmes que analisava. Se arriscou como argumentista no cinema, e é autor do argumento de “Tico-Tico no Fubá”, de 1952, indicado ao Festival de Cannes.