Mostra traz filmes que mudaram a história do cinema francês no séc. XX

Berço do cinema mundial, a França ganha mostra inédita dedicada inteiramente ao seu legado, que continuam a influenciar novas produções mundo afora, a partir do dia 12 de agosto. As sessões serão realizadas sempre aos sábados, às 15h, no Mezanino do Centro Cultural Fiesp, até 30 de setembro. Os ingressos são gratuitos e podem ser reservados antecipadamente no site www.centroculturalfiesp.com.br.

A seleção da Cine SESI-SP no Mundo: A França e o Novo traz oito grandes filmes, que propõe reflexões sobre técnica, temática, estilo e originalidade presentes nas composições francesas do século XX. A programação conta ainda com astros das telonas, como Jeanne Moreau, Gene Kelly, Brigitte Bardot, Catherine Deneuve e Jack Palance.

De fato, a história do cinema sempre teve ligações com a França: graças ao cinematógrafo, dos irmãos Lumière, em 1892, ficou conhecida como o primeiro país a exibir imagens em movimento. Com George Méliès, foi pioneiro em efeitos especiais com o filme Viagem à Lua (1902). Nos anos 1960, sediou o movimento Nouvelle Vague (Nova Onda), que criou técnicas que romperam com aquelas utilizadas até então no cinema comercial, e sua vanguarda cinematográfica influenciou inúmeros diretores pelo mundo.

Para homenagear esse legado, a 11ª edição do Cine Sesi-SP no Mundo traça um panorama em pares, exibindo tanto os longas que inauguraram estéticas e temáticas no cinema, como aqueles que revelaram a evolução desses elementos, que permanecem evidentes nas produções contemporâneas de todo o mundo. Destacam-se produções de diretores consagrados, como Jean-Luc Godard (1930) e Jacques Tati (1907-1982), e, principalmente, a icônica performance de Jeanne Moreau (1928-2017), falecida em julho deste ano, em Ascensor para o Cadafalso (1958).

O longa Duas Garotas Românticas (1967), de Jacques Demy, destaca-se pela temática musical dos anos 60, com direito a cenários e figurinos característicos, e por um diretor que não mediu esforços ou recursos financeiros para produzir a obra. Em contrapartida, em O Desprezo (1963), Jean-Luc Godard questiona o efeito do sucesso comercial em sua expressão criativa, representada no filme pelo protagonista Paul Javal, roteirista que vê sua esposa desprezá-lo enquanto busca agradar um produtor estrangeiro. Apesar dos dois filmes retratarem o auge da carreira dos cineastas, um o faz como algo oportuno, que dá margem a novas conquistas, e o outro com um pesar, que motiva sentimentos e ações conflituosas.

Filme de maior importância histórica dentro da mostra, O Batedor de Carteiras (1959), de Robert Bresson, inova ao filmar diversos elementos, e não apenas o rosto como fonte majoritária de expressão. Enaltece o realismo do comportamento humano sem a espetacularização vista nos cinemas americanos. Vândalo (2013), de Hélier Cisterne, traz, 54 anos depois da obra de Bresson, uma produção que debate o mesmo tema: o comportamento desajustado do protagonista como forma de expressão de um jovem desalentado.

Ascensor para Cadafalso (1958), de Louis Malle, foi produzido no estilo film noir, com planos expressivos, uso de contrastes e sombras, retrato das fraquezas humanas e ambientes urbanos realistas. Além disso, torna-se um marco ao mostrar a bela atriz Jeanne Moreau sem maquiagem e utilizar o jazz de Miles Davis como trilha sonora – duas iniciativas ousadas que o distanciaram dos sucessos de Hollywood. Assim como na obra de Malle, O Pequeno Tenente (2005), de Xavier Beauvois, é um drama policial, em que os conflitos morais e psicológicos dos personagens ganham mais importância que os detalhes sórdidos dos crimes com os quais se envolvem.

Já O Carrossel da Esperança (1949) de Jacques Tati, e A Lei da Selva (2016), de Antonin Peretjatko, fazem uma crítica humorada à megalomania, zombando das instituições e da supervalorização do eu. Enquanto uma história se passa em uma cidadezinha pacata, a outra acontece na Amazônia, os dois filmes se conectam ao preservar o humor como método de crítica aos poderes e às fantasias que os sustentam.

A curadoria do projeto é uma parceria do SESI-SP e a Embaixada da França no Brasil, com apoio do Institut Français. A programação irá percorrer ainda 39 unidades do SESI-SP em todo o Estado, além do Centro Cultural Fiesp.

Mais informações sobre a programação em cartaz no Centro Cultural Fiesp podem ser conferidas em www.centroculturalfiesp.com.br.

 

Cine SESI-SP no Mundo: A França e o Novo
Data:
12 de agosto a 30 de setembro
Local: Mezanino do Centro Cultural Fiesp (Av. Paulista, 1313 – em frente à estação Trianon-Masp do Metrô) – 11 3146-7439
Capacidade: 50 lugares
Grátis

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