Portugal entregará o Prêmio “Sophia” a seus melhores filmes
Por Maria do Rosário Caetano
Depois do Oscar, do Goya, do Bafta e do Cesar, estatuetas cinematográficas já distribuídas a seus laureados, outros países aguardam o fim da pandemia do coronavírus para marcar a data da cerimônia de entrega de seus prêmios anuais. Caso dos portugueses (Troféu Sophia), dos italianos (David di Donatello), dos alemães (Lola), do México (Ariel), da Colômbia (Macondo) e da Argentina (Sur).
Um dos filmes mais cotados para o “Lola” germânico é “System Crasher”, de Nora Fingscheidt , que causou sensação na Mostra Internacional de Cinema de São Paulo (Prêmio Bandeira Paulista de melhor longa, dividido com o australiano “Dente de Leite”). “Transtorno Explosivo” – que substituiu, em português, a expressão que corresponde ao “Colapso do Sistema” – será lançado pela Imovision, o mais breve possível. Ou seja, quando os cinema forem reabertos.
Já na cerimônia dos prêmios “Sophia”, um filme de grande ousadia narrativa pode ganhar alguns dos principais troféus – “Vitalina Varela”, de Pedro Costa. O nono longa-metragem do realizador de “Cavalo Dinheiro”, “Juventude em Marcha” e “O Quarto de Wanda” vem recebendo excelentes críticas e foi indicado em várias categorias.
A Academia Portuguesa das Artes e Ciências Cinematográficas selecionou, para concorrer com o novo filme de Pedro Costa, os longas “A Herdade”, de Tiago Guedes, “Variações”, de João Maia, e “Diamantino”, de Gabriel Abrantes e Daniel Schmidt. Este filme, uma sátira com ingredientes surreais, participou do Cine Ceará e foi lançado comercialmente no circuito brasileiro. Seu ator protagonista, Carloto Cotta (de “Tabu”, de Miguel Gomes, 2012) tem desempenho notável. Ele interpreta um jogador de futebol de corpo depilado e muito voluntarioso, inspirado, claro, no astro lusitano Cristiano Ronaldo, ex-Real Madrid e atual Juventus.
O Brasil tem dois filmes e um ator na lista de finalistas. Um dos quatro candidatos a melhor documentário é “A Chuva é Cantoria na Aldeia dos Mortos”, de Renée Messora e João Salaviza, integralmente filmado em solo brasileiro, com indígenas da etnia Krahô. Este belo documentário enfrentará “Até que o Porno nos Separe”, de Jorge Pelicano, um filme perturbador e envolvente, que conta a história de uma mãe religiosa e chocada ao ver o filho gay trabalhando na indústria de filmes pornográficos. Os outros concorrentes são “Terra Franca”, de Leonor Teles, e “Lupo”, de Pedro Lino.
O longa “O Grande Circo Místico”, de Carlos Diegues, rodado em Portugal (país que permite a presença de animais em arenas de circos) é finalista na categoria direção de arte (de Artur Pinheiro). E o ator Augusto Madeira foi indicado como melhor coadjuvante por seu trabalho no filme “Variações”.
O Brasil tem procurado estreitar suas relações com o cinema português e vice-versa, mas em termos de mercado a situação segue desesperadora. Poucos filmes lusitanos são exibidos em nossas salas. E quando o são, os resultados de bilheteria são modestos, o que aconteceu até com os badalados e bem-humorados “Diamantino” e “O Filme de Bruno Aleixo”.
Confira os principais concorrentes:
Melhor filme de ficção
. “Vitalina Varela”, de Pedro Costa
. “Diamantino”, de Gabriel Abrantes e Daniel Schmidt
. “A Herdade”, de Tiago Guedes
. “Variações”, de João Maia
Melhor filme documental
. “A Chuva é Cantoria na Aldeia dos Mortos”, de Renée Messora e João Salaviza (Brasil-Portugal)
. “Até que o Porno nos Separe”, de Jorge Pelicano
. “Terra Franca”, de Leonor Teles
. “Lupo”, de Pedro lino
Melhor direção
. Pedro Costa (“Vitalina Varela”)
. Gabriel Abrantes e Daniel Schmidt (“Diamantino”)
. Tiago Guedes (“A Herdade”)
. João Maia (“Variações”)
Melhor atriz
. Inês Castel-Branco (Snu)
. Margarida Vila-Nova (Hotel Império)
. Sandra Faleiro (A Herdade)
. Vitalina Varela (Vitalina Varela)
Melhor ator
.Carloto Cotta (“Diamantino”)
. Albano Jerônimo (“A Herdade”)
. Igor Regalla (Gabriel)
. Sérgio Praia (Variações)
Melhor atriz coadjuvante
. Ana Vilela Costa (A Herdade)
. Anabela Moreira e Margarida Moreira (“Diamantino”)
. Teresa Madruga (“Variações”)
. Vitória Guerra (“Variações”)
Melhor ator coadjuvante
. Augusto Madeira (“Variações”)
. Felipe Duarte (Variações”)
. João Pedro Mamede (A Herdade)
. Miguel Borges (“A Herdade”)
Melhor roteiro original
. Pedro Costa e Vitalina Varela (“Vitalina Varela”)
. Abrantes & Schmidt (“Diamantino”)
. João Maia (Variações”)
. Rui Martins e Tiago Guedes (“A Herdade”)
Melhor roteiro adaptado
. Agustina Bessa-Luís e Rita Azevedo (“A Portuguesa” )
. José Fanha (“Os Dois Irmãos”, do livro de Germano Almeida)
. Tiago Rodrigues e Tiago Guedes (“Tristeza e Alegria na Vida das Girafas”, inspirado em peça de T. Rodrigues)
. Hugo Diogo (“Imagens Proibidas”, do livro de Pedro Paixão)
Melhor fotografia
. Acácio de Almeida (“A Portuguesa”)
. Leonardo Simões (“Vitalina Varela)
. André Szankowski (“Variações”)
. João Lança Morais (“A Herdade”)
Melhor Direção de Arte
. Artur Pinheiro (“Grande Circo Místico”, Brasil/Port)
. Isabel Branco (“A Herdade”)
. Ana Vaz (“Snu”)
. Sara Lança (“Variações”)
Melhor Montagem
. Pedro Ribeiro (“Variações”) (Caminhos Magmétykos)
. Martin-Holger, Abrantes e Schmidt (“Diamantino”)
. Roberto Perpignani (“A Herdade”)
. Cláudio Vasques(“Caminhos Magmétykos”)
Melhor Som
. Hugo Leitão e João Gazua (“Vitalina Varela)
. Raposinho, Neskov, Niza Braga e Nuno Bento (“Variações”)
. Elsa Ferreira, Veloso e Pedro Góis (“A Herdade”)
. Cyaneto, Alicante, Góis e Marinho (“Caminhos Magmétykos”)
Melhor Figurino
. Lucha D’Orey (“Hotel Império”)
. Isabel Branco e Inês Mata (“A Herdade”)
. Patrícia Dória (“Variações”)
. Sílvia Grabowski (“Snu”)
Melhor Série de TV
. “Luz Vermelha”, de de André Santos e Marcos Leão
. “Nosso Cônsul em Havana”, de Francisco Manso
. “Sul”, de Ivo M. Ferreira
. “Teorias da Conspiração”, de Manuel Pureza