Distribuidora para os filmes experimentais e livres
Criada em março de 2010, a distribuidora Vitrine Filmes tem aparecido com uma nova proposta: a de lançar no circuito comercial filmes independentes com difícil penetração no mercado. Para integrar cartela, além dos filmes do projeto Sessão Vitrine, a distribuidora já pensa nos lançamentos de “A Fuga da Mulher Gorila” e “Desassossego”, respectivamente filme que abre e que fecha a Trilogia Coração no Fogo, ambos de Felipe Bragança e Marina Meliande, que devem sair proximamente a “A Alegria”, também da dupla, que será distribuído pela Espaço Filmes; de “Além da Estrada”, de Charly Braun – vencedor de direção na Première Brasil do Festival do Rio –, e de “O Céu sobre os Ombros”, de Sérgio Borges – melhor filme e direção no Festival de Brasília –, os dois últimos ganhadores do edital da Petrobrás para distribuição, e previstos para setembro e novembro respectivamente.
“No início, confesso, ainda não pensava nesse cinema independente. Não sabia direito o que distribuir. Sabia que lidaria mais com filmes nacionais. Pouco depois de abrir a distribuidora, fui a um festival no Rio e conheci o Felipe Bragança, a Marina Meliande e o Gustavo Spolidoro, e eles vieram com uma ideia: lançar os filmes deles, badalados em festivais mas com dificuldade de chegar ao mercado”, explica a sócia e diretora da Vitrine Filmes, Silvia Cruz, que já teve experiência anterior com o setor, trabalhando na Pandora Filmes e na Europa Filmes.
Sem ganhar qualquer apoio prévio, Silvia resolveu lançar, no ano passado, três longas: “Doce de Coco”, de Penna Filho, “Terras”, de Maya Da-Rin, e “Meu Mundo em Perigo”, de José Eduardo Belmonte. Nenhum deles foi bem comercialmente. “O pessoal adorou os filmes, ótimas críticas, mas a carreira comercial não foi muito longínqua. As pessoas demoraram para ver e, quando foram, já havia saído de cartaz. Fui para a Semana dos Realizadores e vi sessões lotadas para esse tipo de filme. Existe público para eles, a questão é como alcançá-los”, argumenta.
Sessão Vitrine – Em 27 de maio de 2011, em seis capitais do Brasil, começou a Sessão Vitrine, um projeto criado para lançar os filmes independentes conjuntamente. É estreado um filme por semana, com uma sessão por dia, sempre no mesmo horário, nos cinemas das seis cidades aderidas – São Paulo (Espaço Unibanco), Recife (Fundação Joaquim Nabuco), Porto Alegre (PF Gastal), Curitiba (Cinemateca de Curitiba), Salvador (Circuito Sala de Arte) e Rio de Janeiro (Cine Joia). A ideia de Silvia é a de criar um evento e de fidelizar o público. “Queremos chamar a atenção da mídia e criar no público o desejo de voltar toda semana para ver o que tem”, afirma.
São dez filmes já anunciados para a primeira leva: “Estrada para Ythaca”, de Guto Parente, Luiz Pretti, Pedro Diógenes, Ricardo Pretti; “Estrada Real da Cachaça”, de Pedro Urano; “Chantal Akerman, de Cá”, de Gustavo Beck e Leonardo Luiz Ferreira; “ Um Lugar ao Sol”, de Gabriel Mascaro; “Morro do Céu”, de Gustavo Spolidoro; “Avenida Brasília Formosa”, de Gabriel Mascaro; “A Casa de Sandro”, de Gustavo Beck; “Favela on Blast”, de Leandro HBL e Wesley Pentz; “Eu, Vinil e o Resto do Mundo”, de Lila Rodrigues e Karine Ades; e “Pacific”, de Marcelo Pedroso. “Foi muito difícil conseguir espaço com os exibidores. Como o projeto é um horário por dia, um cinema por cidade, seria muito complicado chegarmos com 15 filmes. Por isso temos cinco filmes com datas certas, mais cinco já confirmados aguardando data e os outros cinco já certos, mas não anunciados”, explica. A Sessão Vitrine tem apoio do Canal Brasil, que pré-comprou os filmes para exibição na televisão paga; com o dinheiro, foi possível promover a sessão (assessoria, cartazes, sites e outros gastos para lançar um filme).