Cinema infantil
O cartunista e escritor Ziraldo jogou um balde de água fria nos que acham normal o país passar do semianalfabetismo direto ao culto ao audiovisual, sem o devido amor e apego à leitura. Em sua palestra no Festival de Brasília, que exibira “Uma Professora Muito Maluquinha”, ele oficiou um auto de fé e paixão pelos livros. Lembrou que até a invenção da imprensa, por Gutemberg, os homens andavam em carroças e os livros viviam encerrados em mosteiros, sendo privilégio de poucos. Com a democratização da impressão de livros, o saber espalhou-se célere. O que não se fizera em séculos e séculos foi feito de forma avassaladora. O homem foi parar na lua. Ziraldo sabe que bons leitores são também bons espectadores. O drama, no Brasil, é que ainda temos poucos leitores e poucos espectadores. Os raros títulos produzidos para crianças e adolescentes por nossos realizadores tiveram públicos modestos. O que teve o melhor desempenho (fora filmes de Xuxa e dos Trapalhões) foi “Castelo Rá-tim-bum” (900 mil ingressos). A série “Tainá” conseguiu superar os 500 mil ingressos. Os “Menino Maluquinho 1 e 2” tiveram público de filme médio. Mas a produção destinada a crianças no Brasil continua rara, incidental. E os organismos estatais de fomento seguem indiferentes ao segmento.