Brasil e Reino Unido fecham acordo de coprodução cinematográfica
A ministra da Cultura Marta Suplicy e o ministro adjunto de Comércio e Investimentos do Reino Unido, Lorde Green de Hurstpierpoint, formalizaram hoje (28/9), em Brasília, o acordo bilateral de coprodução cinematográfica entre Brasil e Reino Unido, fortalecendo o intercâmbio comercial e cultural entre as nações. Iniciativas de aproximação entre a Associação Brasileira de Produtoras Independentes de TV (ABPITV) e o mercado britânico tiveram importante papel no desfecho do acordo que hoje é comemorado pelo setor.
O acordo está embasado no potencial existente para a cooperação entre as indústrias cinematográficas dos dois países por compartilharem características comuns ou complementares, incluindo a estrutura de cada indústria cinematográfica, a cultura cinematográfica de cada país e a disponibilidade, em cada país, de instalações destinadas à atividade cinematográfica, mão de obra especializada e locações para filmagens.
Por meio do seu projeto internacional Brazilian TV Producers, a ABPITV e a PACT (Producers Alliance for Cinema and Television, que representa produtores independentes no Reino Unido) articularam a participação de 18 produtoras britânicas no RioContentMarket, maior evento de conteúdo audiovisual multiplataforma da América Latina. Além de realizar encontros de negócios, os representantes da PACT, John McVay e Dawn McCarthy, se reuniram com membros da Ancine e SAv, em reuniões articuladas pela ABPITV.
Na época, ABPITV e PACT assinaram um protocolo de cooperação e coprodução audiovisual como ferramenta de promoção e desenvolvimento da produção audiovisual entre os dois países. A colaboração foi assinada em conjunto com Secretaria do Audiovisual do Ministério da Cultura (SAv/MinC), a Agência Nacional de Cinema (Ancine) e o British Council, representadas na ocasião por Thiago Cremasco, coordenador geral de Inovação, Convergência e Plataformas da SAv/MinC; Eduardo Valente, assessor internacional da Ancine e o diretor do British Council no Brasil, Jim Scarth.
Com a vigência da Lei 12.485/2011, os produtores brasileiros caminham para o mesmo patamar de desenvolvimento alcançado pelos britânicos. O protocolo de colaboração assinado no início do ano tem por base o Memorando de Entendimento entre o Brasil e Reino Unido, sobre o Intercâmbio e Cooperação Cultural datado de junho de 2011. A ferramenta teve o objetivo de contemplar as esferas de coprodução audiovisual e intercâmbio técnico-profissional, abrindo assim um canal de comunicação para troca de experiência entre os produtores dos dois países e unir esforços para avançar as tratativas para que Brasil e Reino Unido firmassem um acordo oficial de coprodução internacional para ampliar o intercâmbio cultural e comercial entre os países.
A vinda da delegação britânica para o RioContentMarket foi uma das ações estratégicas da entidade, pois o Reino Unido é um dos mercados-alvo da indústria audiovisual brasileira, definidos após estudos da Unidade de Inteligência Comercial e Competitiva da Apex-Brasil. Ainda assim, o Brasil até então não possuía qualquer acordo de coproduções audiovisuais com a Inglaterra. Por esta razão, para fortalecer o intercâmbio da indústria audiovisual entre os dois países, o Brazilian TV Producers (BTVP), programa de exportação de conteúdo nacional brasileiro, intensificou a promoção de ações estratégicas para mudar este cenário.
Em novembro de 2011, o presidente da ABPITV, Marco Altberg, participou da reunião do Comitê Econômico e de Comércio Conjunto Reino Unido – Brasil (Jetco), em Londres, em uma missão da Apex-Brasil. Ainda em 2011, em outubro, no Mipcom, o BTVP realizou pela primeira vez um encontro de negócios com produtoras inglesas da PACT a fim de estreitar o relacionamento com a entidade. A partir deste encontro, várias possibilidades foram discutidas e a PACT reuniu a delegação que veio ao Brasil exclusivamente para encontros de negócios com produtores brasileiros durante a segunda edição do RioContentMarket.
A Inglaterra é um dos mercados-alvo da indústria audiovisual brasileira e um modelo a ser seguido. No Reino Unido, a Lei de Comunicações de 2003 exigiu que todos os canais abertos reservassem no mínimo 25% de seu tempo de transmissão para “uma variedade e diversidade de produções independentes”. Em 2009, o horário nobre da TV britânica chegou a ter 50% de produções independentes nos chamados programas originais, isto é, programas inéditos feitos pela própria emissora ou por produtores independentes, o que ajudou a alavancar a produção dos conteúdos nacionais britânicos.