Brasilianistas do cinema
O Festival de Brasília do Cinema Brasileiro abriu, este ano, vertente importante em seus seminários e debates: convocou, sob o comando de Tânia Montoro, professora da UnB, três brasilianistas que se dedicam, em seus países, ao estudo do cinema brasileiro: Stephanie Dennison (Inglaterra e Irlanda), Randal Johnson (EUA) e Gian Luigi de Rosa (Itália). O empenho dos três palestrantes em radiografar a complicada e tortuosa trajetória do cinema brasileiro nos territórios norte-americano, italiano e do Reino Unido motivou a plateia, que lotou o auditório. Randal, Stephanie e Gian Luigi trouxeram gráficos, tabelas e material fartamente ilustrado para dar dinamismo às suas intervenções. Um show de dedicação e interesse pelo Brasil. Se o Festival de Brasília der sequência ao caminho aberto este ano, poderá trazer, em edições futuras, nomes como Robert Stam (EUA), Lúcia Nagib (Universidade de Liverpool, depois de passar por Leeds), Darlene Sadlier (EUA, autora de livro sobre Nelson Pereira dos Santos), Sylvie Pierre (ex-“Cahiers du Cinéma”, atualmente na “Trafic”), Paulo Paranaguá (grande divulgador do cinema hispano-americano e brasileiro na França), Leslie L. Marsh (autora de “Brazilian Women’s Filmaking”), entre outros. O número de professores e pesquisadores internacionais interessados em estudar o cinema brasileiro é reduzido, mas dos mais empenhados. Todos eles têm livros publicados sobre o assunto. Randal enriqueceu sua palestra com rica bibliografia editada, principalmente, em língua inglesa. O próprio Gian Luigi organizou, na Itália, o livro “Alle Radici del Cinema Brasiliano”, de 2003 (Às Raízes do Cinema Brasileiro), publicado, dois anos depois, em português, pela Revista “Alceu”, da PUC-Rio. Se depender deste time de estudiosos, o cinema brasileiro encontrará espaço, pelo menos, no circuito universitário de seus países.