Humor & Drama

Quem imaginaria que um drama sobre Serra Pelada, o maior garimpo a céu aberto do mundo, com atores famosos como Juliano Cazarré, Sophie Charlotte e Wagner Moura (em papel de coadjuvante-rouba-cena) não chegaria a 500 mil espectadores? Quem espantou-se com as bilheterias dos dramas “Gonzaga – De Pai pra Filho” (1,5 milhão) e “Xingu” (400 mil) tem razão ainda mais forte para espantar-se com o desempenho de “Serra Pelada”. Afinal, Heitor Dhalia realizou seu quinto longa-metragem impregnado de enorme desejo de dialogar com o grande público. Para tanto, somou diálogos espertos, montagem acelerada, cenas apimentadas de sexo e doses bem medidas de violência. E um desfecho que, se não chega a ser um apaziguador happy end, pelo menos traz rasgos de esperança para os que detestam finais infelizes. Ao mostrar um dos protagonistas reencontrando a família e outro provando que a amizade é um valor a se preservar, ele oferece ao espectador o “raíto de sol” que os produtores tanto solicitavam a Fellini. Mesmo assim, o público não colocou “Serra Pelada” na lista de hits da temporada. Esta condição coube a seis comédias. Duas delas chegaram a números dignos de blockbusters norte-americanos: “De Pernas pro Ar 2” (4.867.000) e “Minha Mãe É uma Peça” (4.505.000). “Vai que Dá Certo”, uma comédia de amigos, se aproximou dos 3 milhões de ingressos (2.736.000). Pelo mesmo caminho seguiu “Meu Passado me Condena”, com o Midas do humor Fábio Porchat (1,8 milhão de ingressos em suas duas primeiras semanas). “O Concurso” (1.251.000) e “Mato sem Cachorro” (1.110.000) também não fizeram feio. Só dois dramas (ambos sintonizados nas composições do roqueiro Renato Russo e, portanto, à música brasileira) conseguiram desempenhos significativos (“Somos Tão Jovens”, com 1.719.000, e “Faroeste Caboclo”, 1.505.000). Como se vê, o grande público brasileiro não quer esquentar a cabeça com filmes sérios.

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