Charlone & Diego

“A Jaula de Ouro”, do mexicano Diego Quemada-Díez, causou sensação na Mostra de Cinema de São Paulo. Além de conquistar o Prêmio da Crítica Cinematográfica (e Menção Honrosa do Júri Oficial), o filme teve sessões com bilheterias esgotadas. O que é raro, mesmo na Mostra SP. Afinal, os cinéfilos paulistanos não costumam lotar salas para ver produções oriundas de países hispano-americanos (exceção para a Argentina). Além de suas imensas qualidades – um filme que acredita no poder da imagem e narra sua história sem apegar-se a sentimentalismos, nem à piedade cristã – “A Jaula de Ouro” chamou atenção por dialogar com “Cidade de Deus”, de Fernando Meirelles (no destaque dado a uma galinha e na escolha de quem, entre dois meninos, deve morrer). Diego Quemada-Díez trabalhou na equipe de “O Jardineiro Fiel”, primeiro longa internacional de Meirelles, e o fez como assistente do fotógrafo César Charlone. A carreira deste cineasta, nascido na Espanha e naturalizado mexicano, o colocou em ambientes muito especiais. Primeiro, integrou a equipe de assistentes (de fotografia) de “Terra e Liberdade”, o clássico libertário de Ken Loach (1995). Foi assistente de César Charlone em filmes de Spike Lee (“Sucker Free City”) e Tony Scott (“Chamas da Vingança”). Charlone, diretor de muitos documentários e do longa ficcional “O Banheiro do Papa” (com Enrique Fernandez), não escondeu sua alegria ao reencontrar o amigo, no Brasil. Os dois atualizaram conversas e Diego soube que Charlone está ocupado, neste momento, com projetos da O2 Filmes: as séries “Destino: Rio de Janeiro” (para a HBO) e um episódio do longa-metragem “I Love Rio” (em parceria com Meirelles). E mais: Charlone cuidou das intervenções cinematográficas que enriquecem a peça “O Homem que Fala”, com direção de Celso Frateschi, em cartaz, em São Paulo, no Teatro Ágora.

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