Depois da Argentina

Nas duas últimas décadas, o cinema argentino parecia ser o único, na América Latina, a merecer atenção especial dos festivais e cinéfilos. Revelou até um astro, o ator Ricardo Darín. E conseguiu boas bilheterias internas e no difícil mercado internacional. Depois, o México começou a brilhar. Mas a proximidade com Hollywood (“pobre México, tão longe de Deus e tão perto dos EUA”) acabou roubando parte do talento mexicano. Em recente entrevista ao jornal “O Globo”, Francis Ford Coppola – ao buscar razões para a eclosão do movimento que renovou o cinema norte-americano na virada para os anos 1970 (comandado por ele mais Scorsese, Altman, Dennis Hopper, Spielberg etc.) – citou grandes momentos da história do cinema: a fase muda alemã (com Murnau, Lang, Pabst), o Neo-Realismo (Rossellini, Visconti, Antonioni), o Japão de Ozu, Ichikawa e Kurosawa, e a Nouvelle Vague de Godard, Truffaut, Resnais, Chabrol e Malle. O raciocínio de Coppola desaguou no México de Cuarón, Del Toro e Iñarritu. Os três já colecionam estatuetas do Oscar em quantidade significativa.

Agora, uma nova cinematografia latino-americana vem ganhando relevo: a colombiana. A “Cahiers du Cinéma” que circulou em Cannes dedicou espaço nobre ao filme “Los Hongos”, de Oscar Ruiz Navia, e lembrou que o grande festival francês selecionou três longas oriundos da Colômbia para suas principais mostras paralelas: Un Certain Regard (com “Alias Maria”, de José Luiz Rugeles Gracia), Quinzena dos Realizadores (com “O Abraço da Serpente”, de Ciro Guerra), e Semana da Crítica (com “A Terra e a Sombra”). Esta produção conquistou o troféu Câmara de Ouro de melhor opera prima (filme de diretor estreante). E “Abraço da Serpente” venceu a Quinzena. Outros dois filmes colombianos têm causado sensação por onde passam: “Manos Sucias”, de Josef Wladyka, que teve Spike Lee como supervisor de roteiro e coprodutor, e “Mateo”, de María Gamboa. Este é forte candidato ao prêmio opera prima no Platino ibero-americano.

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