Cakoff, o missionário

Leon Cakoff, que partiu num chuvoso dia de outubro, aos 63 anos, vai fazer muita falta. De vocação missionária e militante, abraçou causas com rara obstinação. A maior delas: a difusão de cinematografias não hegemônicas no mercado brasileiro. O cinema internacional de qualidade teve nele um de seus mais ativos difusores. Jornalista, crítico, produtor, realizador e organizador da Mostra Internacional de Cinema, Cakoff trouxe a São Paulo, ao longo de 35 anos, centenas de filmes raros (vindos da Dinamarca à Mongólia, da Argentina à Rússia, do Canadá à Nova Zelândia). Devemos a ele descobertas valiosas como o boliviano “Chuquiago”, de Antônio Eguino, “A Última Ceia”, de Gutiérrez Alea, o exótico “O Espírito do Cão”, gerado em um território perdido na Ásia, até obras recentes como “Mistérios de Lisboa”, de Raul Ruiz, e “Carlos”, filmaço de Olivier Assayas. Seremos eternamente gratos a ele por todas as imagens que nos ajudou a fruir ao longa das últimas décadas.

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