Prêmio Almanaque: cinemas brasileiro e hispano-americano

O Prêmio Almanaque deste mês vai para o promissor diálogo entre os cinemas brasileiro e hispano-americano, representado na figura de três atores: os uruguaios César Troncoso e Horácio Camandule e o argentino Jean Pierre Noher. Troncoso, revelado ao Brasil pelo longa “Banheiro do Papa”, participou, depois da consagração em Gramado, dos longas “Em teu Nome” (Paulo Nascimento), “Cabeça a Prêmio” (Marco Ricca), “Circular” (projeto coletivo do Paraná), “Faroeste Caboclo” (René Sampaio) e “Hoje”, de Tata Amaral. Camandule, professor de escola básica em Montevideo, foi descoberto pelo público brasileiro, também em Gramado, graças ao longa “Gigante”. Frederico Pinto, entusiasmado, o convidou a protagonizar o sensível e silencioso curta “De Lá pra Cá”. Noher encantou Gramado com “Um Amor de Borges”. Dali em diante não parou de receber convites para atuar em filmes brasileiros (e até em novela da Globo). Atualmente apresenta a Sessão Cone Sul, no Canal Brasil. A participação desses atores em nossos filmes mostra que há, sim, esperança de que, um dia, os cinemas das Américas Hispânica e Lusitana possam se lembrar que têm muito em comum, além da vizinhança geográfica. Em debate no Festival Brasília, sobre o Ibermedia (fundo mantido por Espanha, Portugal e América Latina), o venezuelano Luiz Zambrano, seu secretário geral, lembrou que, nos anos 90, a década do ultraneoliberalismo, o trânsito de nossos filmes aproximou-se do zero. A produção era parca e a circulação inexistente. Hoje, a situação apresenta-se bem melhor.

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