Prêmio Almanaque: Anna Muylaert, Joana Nin e Susanna Lira

O Prêmio Almanaque deste mês vai para três cineastas que lançaram seus filmes nesta temporada: Anna Muylaert (“Que Horas Ela Volta?”, Joana Nin (“Cativas – Presas pelo Coração”) e Susanna Lira (“Damas do Samba”). Se estes três filmes fossem submetidos ao Teste Bechdel-Wallace (mais informações abaixo), nossas realizadoras seriam aprovadas com louvor.

O longa de Anna conta com três protagonistas femininas (a doméstica Val, sua filha Jéssica e a patroa Bárbara), que discutem temas relevantes, trabalham ou estudam. Nenhuma delas vive em função de homem. E, ainda por cima, traz a assinatura, na direção de fotografia (cargo em que 99% dos profissionais são homens) da uruguaia Bárbara Alvarez (a mesma dos filmes de Lucrécia Martel).

O documentário de Joana Nin seleciona sete mulheres livres que se apaixonam por homens encarcerados. E dedica todo seu olhar ao cotidiano, trabalho e dedicação destas “cativas” à realização de seus sonhos. Susanna Lira também nos encanta com suas mulheres. São compositoras, cantoras, passistas, porta-bandeiras, carnavalescas e meninas que amam o samba. O filme nos presenteia com dois momentos sublimes: Dona Ivone de Lara, aos 94 anos, cantando à capela “Sonho Meu”, e Beth Carvalho imitando Clementina de Jesus num canto de escravo, acompanhado de movimento gestual (de mãos, em especial) que nos transporta da ruiva botafoguense, vinda da classe média, para a memória que guardamos da preta e velha doméstica que se tornou uma das grandes forças de nossa música popular, desde o antológico show “Rosa de Ouro”.

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