Festival de Gramado anuncia sua seleção de filmes
Gramado realiza a quadragésima-quinta edição de seu badalado Festival de Cinema Brasileiro e Latino – de 17 a 26 de agosto – apostando em filmes 100% inéditos em telas brasileiras. Dos sete títulos brasileiros escolhidos, três terão, no Palácio dos Festivais, sua primeira sessão pública – “A Fera na Selva”, da trinca Paulo Betti, Eliane Giardini e Lauro Escorel, “Bio”, do gaúcho Carlos Gerbase, e “O Matador”, do paulista Marcelo Galvão.
Os outros quatro concorrentes – “Pela Janela”, de Caroline Leone, “Como nossos Pais”, de Laís Bodanzky, “Não Devore meu Coração!”, de Felipe Bragança, e “As Duas Irenes”, de Fábio Meira – só foram exibidos em festivais internacionais.
Um longa dado como certo na competição – “O Mundo Não Cabe nos meus Olhos”, do gaúcho Paulo Nascimento – não aparece nem na seleção brasileira, nem na latina. Mas sua estrela, a “cantriz” Soledad Villamil, que protagonizou o oscarizado “O Segredo dos seus Olhos”, ao lado de Ricardo Darín, receberá o Troféu Kikito de Cristal. Esta láurea é destinada a nomes latino-americanos com grandes serviços prestados ao cinema do subcontinente.
O time de homenageados de Gramado 2017 completa-se com a atriz paraense Dira Paes, que receberá o Troféu Oscarito, com o diretor Otto Guerra, dedicado ao longo de 40 anos ao cinema de animação (Troféu Eduardo Abelin), e ao ator Antônio Pitanga, que fará jus ao Trofeu Cidade de Gramado.
A seleção da mostra competitiva latino-americana abarca filmes de seis países. A Argentina disputa os prêmios Kikito com dois longas – “Sinfonía para Ana”, de Virna Molina e Ernesto Ardito, e “Pinamar”, de Federico Godfrid. Outros cinco países se fazem representar, com uma produção cada. O Peru, com “La Ultima Tarde”, de Joel Calero, o Uruguai, com “El Sereno”, de Oscar Estévez & Joaquín Mauad, a Costa Rica, com “El Sonido de las Cosas”, de Ariel Escalante, a Colômbia, com “X500”, de Juan Andrés Arango (parceria com Canadá e México), e o Chile, com “Los Niños”, de Maite Alberdi (parceria com Colômbia, Holanda e França).
O festival promoverá, também, duas mostras competitivas de curtas-metragens. Uma nacional, com 14 títulos (escolhidos entre 400 inscritos), e outra, conhecida como Gauchão, com o melhor da produção do Rio Grande do Sul (inscreveram-se 125 filmes e foram selecionados 14).
O filme escalado para a noite de abertura é “João, o Maestro”, dirigido por Mauro Lima e produzido pelo Clã Barreto. Para narrar a trajetória do maestro e pianista brasileiro João Carlos Martins, um dos poucos músicos a gravar a obra completa de Bach, foi reunido grande elenco, liderado por Alexandre Nero, coadjuvado por Alinne Moraes, Rodrigo Pandolfo e Caco Ciocler.
A crise econômica não deve ofuscar o mais badalado dos festivais brasileiros. Pelo menos, é o que garante Iara Sartori, diretora de eventos da Gramadotur, autarquia responsável pela organização do festival. “Mesmo nestes tempos difíceis e adversos, quando a área cultural recebe constantes cortes e cancelamentos” – promete – “realizaremos uma edição sólida, graças ao trabalho conjunto de muitos e históricos apoiadores”. Apoiadores – prossegue – “que entendem a relevância da realização de um evento do porte do Festival de Cinema Brasileiro e Latino para a cidade de Gramado e para o Brasil”.
A curadoria do Festival de Gramado segue nas mãos da argentina Eva Piwowarski e dos brasileiros e Rubens Ewald Filho e Marcos Santuário. O trio lembra que, este ano, além dos 45 anos de Gramado, serão lembrados os 25 de sua internacionalização. Nunca é demais lembrar que, em 1992, sufocado pelos baixíssimos índices de produção de longas-metragens brasileiros (cinco ou seis a cada ano), o festival tornou-se internacional. Depois, ajustou o foco no cinema de língua espanhola (além da lusitana, claro).
O crítico Ewald Filho destaca que, este ano, “a Serra Gaúcha sediará a avant-première do primeiro filme Original Netflix produzido no Brasil”. No caso, o longa “O Matador”, de Marcelo Galvão (não se sabe se sua seleção causará polêmica como a causada em Cannes, por filmes produzidos exclusivamente para exibição em streaming). Já Marcos Santuário dá ênfase ao “país convidado de honra, o Canadá”.
E em que se traduz esta condição de “país convidado”? Santuário explica: “além da presença do Consulado e de delegação que acompanhará de perto a programação do evento”, o Canadá trará à Serra Gaúcha “sua expertise na produção audiovisual com seminários e workshops ministrados por suas prestigiadas instituições de ensino”. Edson Néspolo, presidente da Gramadotur, lembra que “este é um ano festivo para o Canadá, que comemora o sesquicentenário de sua constituição como país independente”.
Outra atividade destacada pelos organizadores – o Gramado Film Market: Conexões – ocorrerá nos dias 24 e 25 e se propõe “a promover painéis temáticos e oficinas focados na ampliação de segmentos, visão de expertises, futuro, incentivo a coproduções, novos negócios e network”. Este segmento do festival destina-se a profissionais e universitários do segmento audiovisual.
Gilça dos Santos Silva, secretária de Educação de Gramado destaca, também, a Sessão Educavídeo, que ganha espaço nobre (o Palácio dos Festivais) e oficial. Trata-se – explica – “de projeto gramadense que dá ao audiovisual a função de ferramenta de educação e mobiliza a rede municipal de ensino”. Este ano, os estudantes assistirão aos filmes “O Roubo do Livro”, de Gustavo Gomes, “Será que o Amor Sempre Vence?”, de Ticiane Silva, e “Pra Sempre, Você”, de Bruno Peteffi, com codireção de Lauterbach Amorim.
Confira os filmes selecionados pelo festival, este ano:
LONGAS BRASILEIROS
– “A Fera na Selva” (RJ), de Paulo Betti, Eliane Giardini e Lauro Escorel
– “As Duas Irenes” (SP), de Fábio Meira
– “Bio” (RS), de Carlos Gerbase
– “Como nossos Pais” (SP), de Laís Bodanzky
– “O Matador” (PE), de Marcelo Galvão
– “Não Devore meu Coração!” (RJ), de Felipe Bragança
– “Pela Janela” (Brasil/Argentina), de Caroline Leone
LONGAS LATINO-AMERICANOS
– “Los Niños” (Chile/Colômbia/Holanda/França), de Maite Alberdi
– “Pinamar” (Argentina), de Federico Godfrid
– “El Sereno” (Uruguai), de Oscar Estévez & Joaquín Mauad
– “Sinfonía para Ana” (Argentina), de Virna Molina e Ernesto Ardito
– “El Sonido de las Cosas” (Costa Rica), de Ariel Escalante
– “La Ultima Tarde” (Peru), de Joel Calero
– “X500” (Colômbia/Canadá/México), de Juan Andrés Arango
CURTAS BRASILEIROS
– “#feique” (RJ), de Alexandre Mandarino
– “A Gis” (SP), de Thiago Carvalhaes
– “Cabelo Bom” (RJ), de Swahili Vidal
– “Caminho dos Gigantes” (SP), de Alois Di Leo
– “Mãe dos Monstros” (RS), de Julia Zanin de Paula
– “Médico de Monstro” (SP), de Gustavo Teixeira
– “O Espírito do Bosque” (SP), de Carla Saavedra Brychcy
– “O Quebra-Cabeça de Sara” (RJ), de Allan Ribeiro
– “O Violeiro Fantasma” (GO), de Wesley Rodrigues
– “Objeto/Sujeito” (SP), de Bruno Autran
– “Postergados” (SP), de Carolina Markowicz
– “Sal” (SP), de Diego Freitas
– “Tailor” (RJ), de Calí dos Anjos
– “Telentrega” (RS), de Roberto Burd
CURTAS GAÚCHOS
(Prêmio Assembleia Legislativa)
“10 Segundos” (Canoas), de Thiago Massimino
“1947” (Porto Alegre), de Giordano Gio
“Através de Ti” (Santa Cruz do Sul), de Diego Tafarel
“Bicha Camelô” (Pelotas), de Wagner Previtali
“Cores de Bissau” (Porto Alegre), de Maurício Canterle
“Gestos” (Porto Alegre), de Alberto Goldim e Júlia Cazarré
“Kátharsis” (Caxias do Sul), de Mirela Kruel
“Luna 13” (Porto Alegre), de Filipe Barros
“Mãe dos Monstros” (Porto Alegre), de Julia Zanin de Paula
“Secundas” (Porto Alegre), de Cacá Nazario
“Sena, os Fios em Prosa” (Porto Alegre), de Marcelo da Rosa Costa e Cacá Sena
“Sob Águas Claras e Inocentes” (Porto Alegre)”, de Emiliano Cunha
“Solito” (Porto Alegre), de Eduardo Reis
“Telentrega” (Porto Alegre), de Roberto Burd
Por Maria do Rosário Caetano
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