Filme brasileiro vence o Festival Latino-Americano
Em cerimônia ocorrida no Memorial da América Latina, na noite de 2 de agosto, foram anunciados os vencedores do 12º Festival de Cinema Latino-Americano de São Paulo, que mereceram o Troféu Fundação Memorial da América Latina.
Dirigido por Marcelo Machado (de “Tropicália”), “Música pelos Poros” foi eleito pelo público como melhor filme do evento. O documentário mostra um encontro de músicos vindos de diferentes regiões do Brasil e também da Colômbia, Cabo Verde, Azerbaijão e Coreia do Sul. A obra focaliza uma residência artística em uma fazenda no interior de São Paulo e reúne nomes como Benjamim Taubkin, Marcos Suzano, Jacques Morelenbaum, Mayra Andrade, Carlos Malta, Kyungso Park’s, Sahib Pashazadec, Antonio Arnedo, Sacha Amback e Jovi Joviniano.
Já o prêmio de melhor coprodução internacional (envolvendo no mínimo dois países da América Latina) foi para “O Candidato”. Inédito no Brasil, esta coprodução do Uruguai e da Argentina, focaliza um líder político carismático, brilhante e comprometido. Ou pelo menos essa é a ideia central da campanha que o lançará na disputa eleitoral. Seus assessores, reunidos em sua casa de campo, desenham seu perfil sem descanso, ainda que alguns tenham chegado até ali para acabar com as fantasias do candidato. Vencedor do prêmio de melhor direção no Festival de Miami, o longa-metragem é dirigido pelo uruguaio Daniel Hendler, conhecido pelo público brasileiro por suas atuações como protagonista em títulos como “25 Watts” (dos seus conterrâneos Juan Pablo Rebella e Pablo Stoll) e “O Abraço Partido” (do argentino Daniel Burman).
Na Mostra de Escolas de Cinema Ciba-Cilect, o vencedor foi o curta-metragem argentino “Dear Renzo”, dirigido por Agostina Galvez e Francisco Lezama. Segundo o júri desta competição – formado pela produtora Diana Almeida e pelos cineastas Dellani Lima e Marcelo Caetano –, o prêmio foi outorgado pela “mise-en-scène eficiente que imprime nos corpos os altos e baixos da vida de jovens latino-americanos tentando a vida no exterior; pelos diálogos e situações muito bem desenhadas por um roteiro habilidoso; e pelo trabalho bastante original da atriz Laila Maltz”. Mereceu menção especial o equatoriano “Prisão de Cores”, de Daniel Reascos, que segundo os jurados demonstrou “ousadia em retomar a atmosfera do cinema expressionista, trazendo a cor com um elemento subversivo em tempos tão cinzas” e “por problematizar o trabalho, a mecanicidade dos gestos e a alienação dos corpos”.
Presente também na cerimônia, o homenageado deste ano, o cineasta brasileiro Beto Brant, recebeu o Troféu Fundação Memorial da América Latina das mãos do cineasta, escritor e idealizador do Festival de Cinema Latino, João Batista de Andrade. O evento programou todos os longas-metragens do homenageado, além de promover a pré-estreia mundial de duas novas obras: ““Ilú Obá de Min – Homenagem a Elza Soares, a Pérola Negra” e “Zócalo”, este codirigido com Carol Quintanilha.
A décima segunda edição do Festival de Cinema Latino-Americano de São Paulo apresentou um total de 102 filmes, representando 18 países da América Latina, e ocupou 26 espaços culturais das cidades de São Paulo e de Campinas. Estreias, retrospectivas, programas especiais, encontros, debates, oficina, apresentações musicais e uma feira gastronômica compuseram a programação do evento.