Goiânia Mostra Curtas homenageia Dira Paes

Evento já tradicional no calendário goiano, a 17ª edição da Goiânia Mostra Curtas começa no próximo dia 3, terça-feira. A cerimônia de abertura será às 20 horas, no Teatro Goiânia, com pocket show da cantora Ava Rocha (filha do cineasta Glauber Rocha). Na ocasião, será homenageada a atriz paraense Dira Paes, por sua contribuição ao cinema brasileiro, em 32 anos de carreira. O encerramento da programação será no dia 8, com celebração ao conjunto da obra do cineasta indigenista Vincent Carelli.

Com mais de 40 filmes na bagagem, Dira Paes é uma das atrizes mais premiadas e respeitadas de sua geração e vem a Goiânia, especialmente, para receber a homenagem, que destaca seu vasto legado no audiovisual brasileiro à militância social, política e cultural.

No cinema, Dira Paes esteve em trabalhos de destaque como o longa 2 Filhos de Francisco (Breno Silveira),  no recente Redemoinho (José Villamarim) e na animação brasileira Lino (Rafael Ribas), em cartaz em 2017. No teatro, foram oito espetáculos dirigidos por nomes consagrados como Amir Haddad. Na televisão, somam-se 17 trabalhos, entre eles a aclamada novela Velho Chico (Luiz Fernando Carvalho) e a série Amores Roubados (José Villamarim).

Para além dos palcos e telas, Dira Paes merece admiração ainda por sua atuação social. Dentre os projetos nos quais está envolvida diretamente, a atriz dirige a ONG Movimento Humanos Direitos, que defende questões como a demarcação de terras indígenas e atua no combate ao trabalho escravo e à exploração sexual infantil.

Na noite de encerramento, o festival reverencia a trajetória do cineasta e indigenista Vincent Carelli. Filho de pai brasileiro e mãe francesa, Carelli nasceu em Paris, em 1953, e mudou-se para São Paulo aos cinco anos. Graduou-se em Ciências Sociais na Universidade de São Paulo e, desde 1973, está envolvido com projetos de apoio a grupos indígenas no Brasil.

Em 1986, Vincent Carelli fundou o Vídeo nas Aldeias, projeto que acompanha e estimula por meio do audiovisual as lutas dos povos indígenas por fortalecimento e valorização de suas identidades e territórios. Desta experiência, produziu uma série de 16 documentários que têm sido exibidos por TVs públicas ao redor de todo o mundo.

Em sua premiada filmografia, destacam-se obras como “Corumbiara”, grande vencedor no Festival de Gramado de 2009, o recente “Martírio”, filme consagrado, que destrincha a luta pela demarcação das terras habitadas pelos Guarani-Kaiowá, e o longa-metragem ainda em fase de desenvolvimento “Adeus, Capitão”. Juntos, os três filmes compõem uma trilogia que transpõe para as telas seu testemunho das marcas de 40 anos de indigenismo no Brasil.

Neste ano, a Curta Mostra Especial tem como eixo temático Os Índios e o Cinema. Um panorama da mais recente produção audiovisual indígena será exibido, com doze filmes de sete Estados brasileiros. A programação é completada com as mostras Brasil, Goiás e Animação, sessões exclusivas para crianças, workshops, palestras e lançamentos literários. Todas as atividades são gratuitas. A agenda completa pode ser conferida aqui.

Especialmente na mostra Animação, serão exibidos 16 filmes, representantes de 10 Estados brasileiros. A curadoria foi assinada pelo cineasta César Cabral e contará com voto popular e júri oficial. É a primeira vez que a Goiânia Mostra Curtas realiza uma mostra paralela dedicada à animação.

Ao todo, serão exibidos 94 curtas-metragens – entre documentários, animações, ficções – em cinco mostras competitivas e uma especial. Além da exibição cinematográfica, o festival oferece atividades de formação gratuitas para profissionais e interessados em atuar na área audiovisual. Na programação, há, também, o Icumam Lab, iniciado em março e finalizado durante o festival, com assessoria e consultoria para desenvolvimento de projetos originados na Região Centro-Oeste. A intenção é fomentar a atividade audiovisual brasileira, por meio da capacitação e da exibição de um panorama atual da produção nacional em curta-metragem.

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