Cinemateca apresenta filmes de mulheres na cinematografia
A Cinemateca Brasileira apresenta, de 18 de janeiro a 4 de fevereiro, a Mostra Mulheres, câmeras e telas. A seleção conta com mais de 40 filmes, de diversos períodos da filmografia nacional, e abre a programação de 2018 das salas da Cinemateca.
A curadoria reflete sobre o trabalho de mulheres na realização cinematográfica e destaca profissionais que atuaram em diferentes áreas da produção audiovisual. Estão em foco os trabalhos de cineastas, atrizes, fotógrafas, roteiristas, montadoras, produtoras, sonidistas.
Realizado em parceria com o DAFB (Coletivo das Diretoras de Fotografia do Brasil), o Encontro Mulheres, câmeras e telas integrará a programação com a mesa Imagens por mulheres, que será apresentado por espectadoras, pesquisadoras, técnicas, curadoras e realizadoras, e oito cursos voltados ao profissionalização de mulheres, que abordam os diversos aspectos da realização da imagem de cinema.
Entre as sessões de destaque da programação, figuram: Eternamente Pagú (1987), primeiro longa-metragem dirigido por Norma Bengell, uma cinebiografia livre da escritora Patrícia Galvão, a Pagú – em nova cópia 35mm confeccionada pela Cinemateca; o raríssimo Amor Maldito (1984), precursor olhar feminino do amor entre duas mulheres, dirigido por Adélia Sampaio – a primeira cineasta negra a dirigir um longa-metragem no Brasil; Amélia (2000), em que Ana Carolina parte da turnê que a atriz francesa Sarah Bernhardt fez ao Brasil no começo do século XX para refletir sobre aspectos da identidade nacional; a possibilidade de (re) descoberta do cinema de Eliane Bandeira com o filme Vida de Doméstica (1976) – cineasta que realizou uma série de curtas-metragens de forte abordagem social; o folhetinesco O Ébrio (1946), de Gilda de Abreu – que se conectou ao imaginário popular brasileiro, configurando-se entre uma das dez maiores bilheterias da história do cinema brasileiro, a maior da época.
Cabe ressaltar também o olhar às obras estrangeiras: Romance (1999), de Catherine Breillat, poderoso filme feminista que causou polêmica em seu lançamento por conta de suas cenas de sexo explícito; a potência com que as pulsões de sexo se transfiguram em pulsões de violência pela diretora americana Sofia Coppola, em O Estranho que Nós Amamos (The Beguiled, 2017); e a sofisticação formal com que a camada sonora é desdobrada pela diretora argentinaLucrecia Martel,em A Menina Santa (La Niña Santa, 2004). Os paralelos traçados ao justapor outras conjunturas de produção, ainda que sob a luz de uma perspectiva autoral, evidenciam semelhanças quanto a participação das mulheres no mercado cinematográfico.
A mostra termina com a sessão dupla ao ar livre do inventivo curta-metragem de animação Frankenstein Punk (1986), de Eliana Fonseca, sucedida pelo sucesso de Tizuka Yamasaki, Lua de Cristal (1990), em 35mm.
A programação completa da mostra pode ser conferida em http://cinemateca.gov.br.