“Bacurau”, de Kleber Mendonça e Juliano Dornelles, está na competição de Cannes
Kleber Mendonça Filho está de volta à Seleção Oficial competitiva do Festival de Cannes, que acontece de 14 a 25 de maio, com seu terceiro longa-metragem, “Bacurau”, desta vez coescrito e codirigido por Juliano Dornelles. Na descrição de seus diretores, “Bacurau é um filme de aventura ambientado no Brasil “daqui a alguns anos”. Assim como ocorreu com seu longa anterior “Aquarius”, em 2016, “Bacurau” terá sua estreia mundial na principal mostra do festival francês. O lançamento de “Bacurau” nos cinemas brasileiros pela Vitrine Filmes (que também distribuiu “O Som ao Redor” e “Aquarius”) será no segundo semestre.
Depois dos dez meses de montagem no Recife, Juliano Dornelles e Kleber Mendonça Filho estão em Paris trabalhando na pós-produção de “Bacurau”, que envolve imagem e mixagem final de som. Esse trabalho vem sendo realizado desde o início do mês de abril e ainda irá durar duas semanas até a cópia final. O filme é uma coprodução Brasil-França.
“Bacurau” foi rodado no Sertão do Seridó, divisa do Rio Grande do Norte com a Paraíba, exatamente há um ano atrás. As locações foram encontradas depois de a equipe percorrer mais de dez mil quilômetros em Alagoas, Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Norte. As filmagens duraram dois meses e três dias, com uma equipe de 150 pessoas. As cidades de Parelhas e Acari serviram de base para a produção.
Depois do sucesso internacional de “Aquarius” (2016), “Bacurau” é a segunda coprodução entre a CinemaScopio do Recife (“O Som ao Redor”, “Aquarius”) e a SBS em Paris (“Synonymes”, de Navad Lapid, vencedor do urso de ouro em Berlim, “Elle”, de Paul Verhoeven, “Mapas para as Estrelas”, de David Cronenberg). “Bacurau” também é uma coprodução com a Globo Filmes, Simio Filmes, Arte France Cinema, Telecine e Canal Brasil.
Sonia Braga (“Dona Flor e seus Dois Maridos”, “O Beijo da Mulher Aranha”, “Aquarius”), o alemão Udo Kier (“Suspiria”, “Berlin Alexanderplatz”, “Garotos de Programa”, “Melancolia”) e Karine Teles (“Que Horas Ela Volta?”, “Benzinho”) fazem parte de um elenco composto por dezenas de atores, como Barbara Colen (“Aquarius”), Silvero Pereira, Thomas Aquino, Antonio Saboia, Rubens Santos e Lia de Itamaracá.
Juliano Dornelles e Kleber Mendonça Filho colaboraram nos curtas-metragens, premiados no Brasil e exterior, “Eletrodoméstica” (2005) e “Recife Frio” (2009), e nos longas, também aclamados internacionalmente, “O Som ao Redor” (2012) e “Aquarius” (2016), filmes dirigidos por Kleber e com direção de arte de Juliano. Na equipe de “Bacurau”, a parceria estabelecida em “O Som ao Redor” e “Aquarius” também se repete na fotografia, assinada por Pedro Sotero, no som de Nicolas Hallet e na direção de arte de Thales Junqueira.
Produzido por Emilie Lesclaux, Said Ben Said e Michel Merkt, “Bacurau” tem patrocínio da Petrobras, Fundo Setorial do Audiovisual, Funcultura (Governo de Pernambuco) e do CNC (Centre National de la Cinematographie, France).
Já o novo filme de Karim Aïnouz, “A Vida Invisível de Eurídice Gusmão” foi selecionado para a mostra Un Certain Regard, também em competição oficial no Festival de Cannes. O longa, uma livre adaptação do romance homônimo de Martha Batalha, é uma produção de Rodrigo Teixeira, da RT Features, em parceria com a produtora alemã The Match Factory. As atrizes Carol Duarte e Júlia Stockler interpretam as protagonistas do elenco, que traz ainda os atores Gregório Duvivier, Barbara Santos e Maria Manoella. Fernanda Montenegro surge em participação especial.
Esta é a segunda vez que um filme dirigido por Aïnouz e produzido por Teixeira integra a seleção de Cannes. Em 2011, “O Abismo Prateado” teve sua estreia mundial no festival, onde foi exibido na Quinzena dos Realizadores.
“A Vida Invisível de Eurídice Gusmão” é um melodrama tropical sobre a cumplicidade entre mulheres, uma crônica da condição feminina no Rio de Janeiro dos anos 50, década marcada por um conservadorismo profundo.
No filme, as irmãs Guida e Eurídice são como duas faces da mesma moeda – irmãs apaixonadas, cúmplices, inseparáveis. Eurídice, a mais nova, é uma pianista prodígio, enquanto Guida, romântica e cheia de vida, sonha em se casar e ter uma família. Um dia, com 18 anos, Guida foge de casa com o namorado. Ao retornar grávida, seis meses depois e sem namorado, o pai, um português conservador, a expulsa de casa de maneira cruel. Guida e Eurídice são separadas para sempre e passam suas vidas tentando se reencontrar, como se somente juntas fossem capazes de seguir suas vidas.
Durante a pesquisa para o roteiro, Aïnouz entrevistou várias senhoras entre 70 e 90 anos, perguntando sobre suas adolescências, as primeiras experiências sexuais, o casamento e suas vidas privadas. Refletindo sobre o mundo hoje, a partir destas histórias e das mulheres de sua propria família, Aïnouz compreendeu a urgência de “A Vida Invisível de Eurídice Gusmão”, como um filme que jogasse luz em tantas vidas e histórias invisíveis, um filme necessário.
Com roteiro assinado por Murilo Hauser, em colaboração com Inés Bortagaray e o próprio diretor, o longa foi rodado nos bairros da Tijuca, Santa Teresa, Estácio e São Cristóvão, no Rio de Janeiro.
Quem assina a fotografia do filme é Hélène Louvart, que foi fotógrafa dos longas “Pina”, de Wim Wenders, “The Smell of Us”, de Larry Clark, “As Praias de Agnes”, de Agnès Varda, e “Lázaro Feliz”, de Alice Rohwacher, entre outros. “A Vida Invisível de Eurídice Gusmão” é uma coprodução Brasil, com a Sony Pictures, Canal Brasil, e Alemanha com a produtora Pola Pandora. A empresa alemã The Match Factory é responsável pelas vendas internacionais.