Adrian Teijido é o grande vencedor do Prêmio ABC por “Marighella” e por “Dom”
Por Maria do Rosário Caetano
O diretor de fotografia Adrian Teijido saiu consagrado da cerimônia do Prêmio ABC, entregues anualmente pela Associação Brasileira de Cinematografia. Ele ganhou, sob aplausos, troféus pela melhor fotografia do longa-metragem ficcional “Marighella”, de Wagner Moura e pela série de TV “Dom”, de Breno Silveira.
O filme de estreia na direção do ator baiano, conhecido nacionalmente como o Capitão Nascimento de “Tropa de Elite”, e internacionalmente como o Pablo Escobar de “Narcos”, foi o grande vencedor da noite. Além da melhor fotografia, a principal láurea outorgada pela ABC, “Marighella” ganhou os troféus de melhor montagem (Lucas Gonzaga), direção de arte (Frederico Pinto) e som (George Saldanha, Eduardo Virmond e Alessandro Laroca). Ou seja, ganhou nas quatro categorias que disputou. A estante de Wagner Moura, se nela forem depositados todos os troféus já conquistados pelo filme, corre o risco ficar sobrecarregada.
Ao subir ao palco para agradecer o troféu pela fotografia de “Marighella”, Adrian Teijido fez questão de se fazer acompanhar dos integrantes da equipe artística e técnica do filme presentes à cerimônia. O longa, vale lembrar, causou grande polêmica quando de seu lançamento, adiado por problemas burocráticos e perseguição política, já que aborda a fase em que o ativista de origem afro-italiana Carlos Marighella (1911-1969) dedicou-se por inteiro à luta armada. A pandemia chegou para agravar o quadro. Mesmo assim, o filme, produzido pela O2, de Fernando Meirelles, chegou a vender quase 400 mil ingressos.
Teijido lembrou que “Marighella foi fruto de apaixonado trabalho de equipe, de atores (como Luiz Carlos Vasconcelos e Jorge Paz, postados a seu lado), dos técnicos e produtores ali presentes, do diretor de arte, da equipe de som e do montador”, todos laureados, e de Wagner Moura, “um obstinado, que abraçou o filme com paixão sem medida”. E fez questão de lembrar que o montador (Lucas Gonzaga) merecera muito o prêmio que acabara de ganhar. Pois “Wagner passava dias, semanas, fechado com ele na sala de montagem e não queria cortar nada. Entendia que tudo era importante”. Se a vontade do diretor prevalecesse, o filme teria bem mais que seus 159 minutos de duração. “O montador, paciente, sabia o que tinha que ser cortado”.
O grande vencedor da noite fez questão de dividir os méritos de “Dom”, a adrenalinada série sobre jovem de classe média e cabelos louros, que virou traficante e morreu cedo, com outros profissionais que o ajudaram. E evocar a memória do diretor, Breno Silveira, também vindo da direção de fotografia, que morreu semanas atrás, aos 58 anos.
No terreno das homenagens, resultou das mais singelas e elegantes a dedicada a Lauro Escorel, por sua trajetória. O diretor de fotografia de “São Bernardo”, “Toda Nudez Será Castigada”, “Bye, Bye Brasil”, “Eles Não Usam Black Tie”, “Uma Vida em Segredo” e “Jogo Subterrâneo” foi saudado por Roberto Gervitz. O cineasta lembrou a trajetória do adolescente de 16 anos, que fez o still de “Terra em Transe” (imagem projetada num telão mostrava Glauber Rocha, Luiz Carlos Barreto, Dib Lufti e Escorel Júnior em locação no Parque Lage), até transformar-se em profissional dos mais respeitados, com produções no Brasil e internacionais, muitos delas com Hector Babenco (“Brincando nos Campos do Senhor”, “Ironweed”). O Prêmio ABC Especial foi entregue por dois craques, Affonso Beato e Pedro Farkas. Lauro agradeceu com síntese, generosidade e alegria. Por seu ofício, por seus companheiros de jornada, por tudo que lhe ensinaram e por ter a Cinemateca Brasileira, reaberta e revitalizada, como cenário de tal reconhecimento, vindo da Associação Brasileira de Cinematografia, sua agremiação representativa.
Veja a lista completa de premiados com o Trofeú ABC:
. “Marighella”: melhor fotografia (Adrian Teijido), montagem (Lucas Gonzaga), direção de arte (Frederico Pinto) e som (Saldanha, Virmond, Laroca)
. “Apenas Meninas”: melhor fotografia de longa documental (Julia Equi)
. “Cravos”: melhor montagem (Tali Yankelevich)
. “Lo Que Quedan em el Camino” – melhor som longa documental (Jakob Krese, Danilo do Carmo, Arne Buttner, Ruben Valdes e Daniel Turini)
. “Mas Eu Sou Alguém?” – melhor fotografia de curta-metragem (Victor Alencar)
. “Dom” – melhor fotografia de série de TV (Adrian Teijido e Leo Ferreira), melhor equipe de som (Valéria ferro, Eduardo Virmond e Alessandro Laroca)
. Manhãs de Setembro” – melhor direção de arte de série de TV (Guta Carvalho, episódio 2)
. “Medo” (Terno Rei) – melhor direção de fotografia de videoclip (Yuri Maranhão)
. “Oakley” (Ítalo Ferreira) – melhor fotografia de publicidade (Pepe Mendes)
. “Fique na Luz”, melhor fotografia de filme estudantil (André Marchetti Berna Prata, da FAAP)