Documentário condensa acervo da cantora Beth Carvalho
“Andança – Os Encontros e as Memórias de Beth Carvalho”, dirigido por Pedro Bronz, que também assina o roteiro, ao lado de Leonardo Bruno, chega aos cinemas no dia 2 de fevereiro, após a participação no Festival do Rio e na Mostra de São Paulo, além da conquista do prêmio de Melhor Filme pelo júri popular no 17º Festival Aruanda do Audiovisual Brasileiro (João Pessoa, PB) e a Mostra de Cinema de Tiradentes.
O longa é uma produção da TvZero em coprodução com a Globo Filmes, GloboNews e Canal Brasil.
Criada na zona sul do Rio de Janeiro, em uma família de classe média, Elizabeth Santos Leal de Carvalho iniciou sua trajetória musical na Bossa Nova. Com o tempo, Beth percebeu que aquela bolha elitista não condizia mais com suas ideias e interesses. Assim, tomando como suas principais referências Clementina de Jesus e Elizeth Cardoso – cantoras para quem dedicou seu primeiro álbum de samba (“Canto por um Novo Dia”) – Beth se entregou aos ritmos da periferia, mudando o curso de sua carreira e, mais do que isso, do futuro de todo um gênero musical.
Até seus últimos momentos, Beth se dedicou a fazer registros audiovisuais de todos os grandes sambistas que passaram por seu caminho. Nelson Cavaquinho, Cartola, Almir Guineto, Jorge Aragão, Zeca Pagodinho, Arlindo Cruz, Luiz Carlos da Vila, entre outros tantos nomes de diferentes gerações, tiveram suas composições registradas, estudadas e gravadas na voz da cantora. Foi assim que a intérprete usou seus privilégios para tirar do anonimato diversos gigantes da música brasileira e, assim, levou o samba do morro aos estúdios de gravação. Entre seus muitos sucessos estão: “Folhas Secas” (composição de Nelson Cavaquinho e Guilherme de Brito), “Vou Festejar” (Jorge Aragão, Dida e Neoci) e “Coisinha do Pai” (Almir Guineto, Jorge Aragão e Luiz Carlos da Vila).
Pouco antes da morte da cantora, o cineasta Pedro Bronz propôs à Beth que seu valioso acervo fosse transformado em documentário. Com o aval imediato da madrinha do samba, a equipe começou um trabalho minucioso de restauração do material. No total, 800 fitas VHS foram abertas, limpas e redigitalizadas. Cerca de duas mil horas de memórias em formato de vídeo passaram por uma difícil curadoria até caberem em um longa-metragem de duas horas.