Biografias especiais
Dois livros, sobre Roman Polanski e Martin Scorsese, são dedicados à história da vida desses dois grandes cineastas. Cada um à sua maneira, os livros recontam toda a trajetória dos diretores, a começar com os pais e avós, e depois a infância, a formação e os filmes. Biografias como a de qualquer outro sujeito que tenha uma história interessante para contar, servindo não apenas aos cinéfilos e fãs.
Em “Conversa com Scorsese”, da editora Cosac Naify em parceria com a Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, Martin Scorsese, um dos grandes mitos do cinema norte-americano, autor de clássicos como “Taxi Driver”, “Touro Indomável”, “Os Infiltrados” e “Ilha do Medo”, entre outros. No livro, ele repassa toda sua vida para o amigo, jornalista e documentarista Richard Schickel, com quem mantém muita intimidade para relatar fatos curiosos de sua vida pessoal e de como nasceu cada um de seus filmes. Scorsese relembra sua infância em Little Italy, a convivência com os pais e com os mafiosos que mais tarde inspiraram alguns de seus filmes, sua religiosidade na adolescência, além de detalhar segredos preciosos sobre suas produções, confessando o quanto há de autobiográfico em seus filmes. O livro inteiro é uma longa entrevista. Na verdade, uma conversa deliciosa entre dois apaixonados por cinema.
Já na biografia de Polanski (“Polanski, uma Vida”), editora Nova Fronteira, essa intimidade do biografado com o autor desaparece, e entra em cena o pesquisador, que compilou os fatos mais importantes e que marcaram a vida de Polanski, assim como reuniu opiniões de amigos e jornalistas sobre o cineasta. O autor, Christopher Sandford, que é especialista em biografias pop, como de Paul McCartney, Mick Jagger, David Bowie, e uma enorme lista de astros da música, narra os principais dramas na vida de Polanski. O primeiro deles foi a perda da família na Polônia durante a ocupação nazista, depois a morte brutal da esposa, Sharon Tate, assassinada em 1969, que muda totalmente seus planos de conquistar os EUA. Especialmente quando, em 1973, foi acusado de abusar de uma menor de 13 anos, num processo que até hoje o impede de ir aos EUA. São fascinantes também os relatos e histórias de seus filmes, seu papel de ator, e dos prêmios que conquistou, especialmente com “O Pianista”, que levou a Palma de Ouro em Cannes e o Oscar de melhor diretor.