Amores brutos

Um pesadelo do cineasta Rodrigo John se transformou em um dos melhores curtas da safra de 2011, a animação “Céu, Inferno e Outras Partes do Corpo”, que vem ganhando prêmios e admiração por onde passa. O personagem é um cachorro, sua ex uma cadela. Sua vida, osso duro de roer. Enquanto o mundo acaba, Cachorro empreende uma viagem ao centro do próprio umbigo. Essa é a sinopse deste filme, que foi animado em papel e finalizado digitalmente, contando também com trechos em rotoscopia e 3D. “A ideia surgiu de um pesadelo igualmente sanguinolento, mas sem muito espaço para o humor, o que terminou acontecendo no curta”, afirma John, que também é diretor de outros curtas, “O Limpador de Chaminés” (2002), “Propriedades de uma Poltrona” (2010), e foi roteirista e assistente de direção do longa “Wood e Stock – Sexo, Orégano e Rock’n’roll”, de 2005.

Quanto ao roteiro, John afirma que terminou juntando três ideias para compor a história: “o clima do pesadelo, no qual eu e minha ex estávamos esquartejados nos arrastando pelo chão, o título, que pertencia a um conto que escrevi há quase 20 anos e uma música mexicana de dor de cotovelo, cujos direitos terminamos não conseguindo”. A construção da animação começou com fotos, enveredando rumo ao gênero de horror. Mas com o distanciamento trazido pelo arrefecimento da dor de cotovelo, a narrativa acabou contaminada por outros gêneros, como a comédia, e terminou como um filme de guerra e melodrama, segundo o diretor.

O projeto foi realizado em Porto Alegre, graças ao financiamento do MinC, de um edital específico para animação. A produção durou um ano. O resultado foi satisfatório, e entre os prêmios conquistados estão o de melhor filme, roteiro e prêmio da crítica no último Festival de Cinema de Gramado, além do prêmio de melhor filme de animação, no último Festival de Brasília. John é roteirista do longa “Fuga em Ré Menor para Kraunus e Pletskaya”, em fase de finalização, e atualmente  finaliza também seu primeiro longa como diretor, “Passatempo”.

Assista ao trailer aqui.

 

Por Hermes Leal

One thought on “Amores brutos

  • 7 de dezembro de 2011 em 23:58
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    Conheci o filme e o diretor. Um filmaço e uma figuraça! Fã dos dois!

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