Viver a vida
A passagem da atriz, e agora cantora, Anna Karina pelo Brasil serviu para reavivar nos cinéfilos o desejo de rever os sete filmes (e meio) que ela fez com o então marido, Jean-Luc Godard: “O Pequeno Soldado” (1960), “Uma Mulher é uma Mulher” (1961), “Viver a Vida” (1962), “Band à Part” (1964), “Alphaville” (1965), “Pierrot le Fou” (1965), “Made in USA” (1967) e o episódio “Anticipacion” (1967). Quem quiser escolher um só destes filmes deve optar pelo sublime “Viver a Vida”, obra máxima de Godard. Quem não se comoveu com aquela prostituta que se encantava (e chorava) com a Joana D’Arc de Dreyer, interpretada por Falconetti? Carl Dreyer, nunca é demais lembrar, era conterrâneo da modelo e atriz Hanne Karín Blarke Bayer, nascida na Dinamarca, em 1940, e radicada na França desde os 17 anos. Veio da estilista Coco Channel, para quem desfilou nas passarelas, sugerir à jovem que aclimatasse seu nome ao gosto francês. Outro Godard, da fase em que a estrela nórdica era sua mulher e musa, é, sem dúvida, “Pierrot le Fou” (no Brasil, “O Demônio das Onze Horas”). Além de Godard, outros grandes nomes do cinema europeu dirigiram Anna Karina: Jacques Rivette (“A Religiosa”, filme que provocou calorosos debates e desagradou profundamente a igreja tradicionalista), Visconti (“O Estrangeiro”), Fassbinder (“Roleta Chinesa”), Martha Meszaros (“Comme Chez Nous”), Raoul Ruiz (“L´Île au Tresor”), Michel Deville (“Ce Soir Jamais”) e André Delvaux (“Rendez-Vous à Bray”). Em 1973, Anna Karina estreou na direção com “Vivre Ensemble”.