Gonzaguinha e Gonzagão

Um vozeirão característico. Chapéu de cangaceiro e sanfona em punho. Não foi o pai que alguns sonhariam, mas foi o que foi. Antes de qualquer adjetivo, tinha orgulho de ser o “Rei do Baião”. Já seu filho, um garoto sofrido, cresceu sem o amor de pai e mãe, nas vielas de um morro, mas, com um coração puro e alma de artista, provou ao pai que não era um simples “comedor de bolachas”. Essa é uma história de amor, de um amor profundo e improvável entre pai e filho. Essa é a história de Gonzagão e Gonzaguinha.

A editora LeYa lança em outubro a edição revista da biografia “Gonzaguinha e Gonzagão”, de autoria da jornalista Regina Echeverria. A obra, originalmente lançada em 2006 e com a discografia completa dos dois músicos, foi inspiração para o roteiro do filme de Breno Silveira “Gonzaga – De Pai para Filho”, que chega aos cinemas em outubro. Uma história de amor que uniu pai e filho e faz vibrar o imaginário popular.

Luiz Gonzaga do Nascimento nasceu em Exu, uma cidade do sertão Pernambucano, numa família simples, e desde muito cedo se interessou em aprender os primeiros acordes de sanfona. Seu pai foi o professor, mas a vida foi sua escola. Saiu de casa jovem, ingressou no exército e de lá chegou ao Rio de Janeiro, onde, cantando de bar em bar, sagrou-se o Rei do Baião.

Foi com a cantora Odaléia Guedes Santos que o velho Lua constituiu “família”. Em 22 de setembro de 1945, nasceu Luiz Gonzaga do Nascimento Junior, o Gonzaguinha. Mas o relacionamento dos músicos sempre foi conturbado, rodeado de cenas de ciúme e desconfianças. Gonzagão queria uma mulher prendada, que criasse o filho e cuidasse da casa. Odaléia era uma cantora da noite que sonhava em se consagrar no rádio. E, em meio a esse turbilhão de emoções, Léia contraiu tuberculose, doença que a matou dois anos depois do nascimento de Luizinho.

Homem rude, imperioso e de poucas palavras, Luiz Gonzaga entregou seu filho para ser criado pelos padrinhos, e foi aos dois anos que os caminhos de pai e filho se distanciaram. E somente muitos anos depois, estariam unidos na vida, na música e, principalmente, na estrada.

No sonho de um, no desejo do outro, esses dois artistas do Brasil, de vo­zes e intenções distintas, uniram seu nome e destino pela força da própria vontade. Uma história conturbada, trágica, mas acima de tudo intensa. Reunidos pelo amor de pai e filho, que nasceu ao longo dos anos, Gonzagão e Gonzaguinha se uniram na música e selaram seu trágico final feliz.

Sobre a autora: Regina Echeverria é jornalista profissional desde 1972. Trabalhou nos jornais O Estado de S. Paulo, Jornal da Tarde, Folha de S. Paulo e nas revistas Veja, Isto É, Placar, Caras e A Revista. Publicou os livros: Furacão Elis (2011), Cazuza, só as mães são felizes (1997), Cazuza, preciso dizer que te amo (2011), Pierre Verger, um retrato em preto e branco (2002), Mãe Menininha dos Gantois, uma biografia (2006) – os dois últimos em parceria com Cida Nóbrega. Ainda: Gonzaguinha e Gonzagão, uma história brasileira (2006) e Sarney, a biografia, lançado pela LeYa em 2011.

Gonzaguinha e Gonzagão
Autor: Regina Echeverria
Editora: Leya
Páginas: 416

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