Jean-Pierre Noher é homenageado em Gramado

Michel Noher tinha 17 anos quando o pai, o ator argentino Jean-Pierre Noher, ganhou menção honrosa em Gramado por seu trabalho em “Um Amor de Borges”, de Javier Torre, integrante do clã Torre Nilsson. Em Gramado, treze anos atrás, antes da premiação, o jovem Michel lera nos jornais brasileiros a notícia da morte de Jorge Amado e sugerira ao pai, caso ganhasse algum prêmio, que o dedicasse de Jorge para Jorge. Ou seja, o intérprete de Jorge Luis Borges, o grande escritor argentino, dedicava o prêmio a Jorge Amado, o grande escritor brasileiro que acabava de nos deixar. O filme de Javier Torre ganhou o Kikito de melhor longa latino. Como não havia prêmio de melhor ator, o júri atribuiu menção honrosa a Jean-Pierre Noher. Ele subiu ao palco e não havia trofeu para ele. Agradeceu, dedicou o prêmio de Jorge para Jorge, e contou que ia comprar um Kikito de chocolate para provar à mamãe francesa (Noher nasceu na França e chegou a Buenos Aires com três anos de idade) que fora laureado.

Ao receber ontem o Kikito de Cristal pelo conjunto de sua obra, Noher relembrou a história ocorrida no Festival de Gramado de 2001 e contou que, mais uma vez, o filho, hoje ator como ele, estava na plateia. Os dois agora atuam na novela O Rebu, da Rede Globo. Noher pai faz um chefe de cozinha e Noher filho interpreta um piloto de Fórmula 1.

Jean-Pierre Noher se definiu, na coletiva de imprensa, como “um cônsul” que divulga o audiovisual argentino no Brasil, e o Brasil, em especial seus cinema, TV e música popular, na Argentina. Ele já atuou em mais de uma dúzia de longas brasileiros e em várias novelas, incluindo A Favorita e Avenida Brasil. Agora, atuando em O Rebu, ao lado do filho, ele está duplamente feliz.

Hoje, Jean-Pierre vai visitar a fábrica que produziu seu Kikito de Cristal. “Sou um alquimista”, brincou. “Transformei um Kikito de chocolate em um Kikito de Cristal”. Na verdade, depois da história do Kikito de chocolate que levaria para a mãe como prova de sua menção honrosa, Gramado entregou a ele um pesado e simpático Kikito de bronze.

 

Por Maria do Rosário Caetano

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado.