Uma alma do Sul

A atriz Geraldine Chaplin, nascida na Califórnia e naturalizada cidadã britânica, vem aprofundando cada vez mais sua relação com o cinema ibero-americano. Relação que começou em 1967, quando Carlos Saura (pai de sua filha Shane) a dirigiu no thriller psicológico “Pep­permint Frappé”. A parceria prosseguiu com títulos cultuados como “Ana e os Lobos” e “Cria Cuervos”. Depois da relação artística e matrimonial com Saura, a filha de “Carlitos” casou-se com o diretor de fotografia chileno, Patricio Castilla, seu companheiro até hoje e pai de sua segunda filha, a atriz Oona Chaplin (“Game of Thrones”).

Geraldine, mundialmente conhecida ao interpretar um dos vértices do triângulo amoroso de “Dr. Jivago” (com Omar Sharif e Julie Christie), está promovendo dois filmes latino-americanos. Um, “Dólares de Areia”, de Laura Guzmán e Israel Cárdenas, é uma produção da República Dominicana. O outro, “Amar em Madri”, tem na direção o argentino Eduardo Milewicz.

A atriz trabalhou também com o chileno Miguel Littin, em “A Viúva de Montiel”, escrito por Gabriel García Márquez e realizado no México; com o boliviano Jorge Sanjinés, em “Para Receber o Canto dos Pássaros”, e com o espanhol Pedro Almodóvar, em “Fale com Ela”.

Da experiência boliviana, ela guarda forte lembrança: “filmamos nos Andes, a 5 mil metros de altura. Topei esta aventura porque Sanjinés era um de meus ídolos, desde que assistira a “Sangue de Condor” (1969). Quando me convidou para atuar em seu novo filme,  avisei que não entendia uma palavra que fosse em quechua ou aimara, mas que queria muito viver aquela experiência. Ele me avisou que minha personagem, Katherine, seria uma antropóloga estrangeira e que eu teria que respirar a 5 mil metros de altura, nos Andes. Topei com o maior entusiasmo. Adoro o filme”.

A atriz nunca atuou numa produção brasileira. Mas conheceu o baiano Glauber Rocha na Espanha. “Eu tinha visto um filme dele, ‘Antonio das Mortes’ (“Dragão da Maldade Contra o Santo Guerreiro”, melhor direção em Cannes/1969). Vim a conhecê-lo na fase em que vivia com Saura. Glauber filmou uma produção espanhola (“Cabeças Cortadas”). Lembro-me que, certa vez, ele chegou de filmagem na África (decerto de “O Leão de Sete Cabeças”), na companhia da mulher, a atriz Juliet Berto, trazendo um haxixe do bom, do qual aproveitamos todos”.

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