O múltiplo Avellar

O cinema brasileiro pranteou a perda do crítico, ensaísta, cineasta, fotógrafo e gestor cultural José Carlos Avellar, ocorrida em 18 de março último. Carioca, nascido em 1936, Avellar era apaixonado por fotografia e cinema. Além de seu trabalho como crítico no “Jornal do Brasil”, ele dirigiu o curta “Treiler” e integrou-se a coletivo de realizadores que assinou “Destruição Cerebral” e “Viver é uma Festa”.

Como fotógrafo, seu nome está nos créditos de dois títulos fundamentais do cinema brasileiro, o média-metragem “Manhã Cinzenta”, de Olney São Paulo (1969), e “Tristes Trópicos”, de Arthur Omar (1974). Produziu “Afonsinho Passe Livre”, de Oswaldo Caldeira (1974), e montou “Iaô”, de Geraldo Sarno (1976). O trabalho do coletivo do qual Avellar fez parte foi analisado, com grande acuidade, por Jean-Claude Bernardet, no livro “Cineastas e Imagens do Povo” (Brasiliense, 1985).

Além de dirigir instituições como a Riofilme e a Cinemateca do MAM, Avellar escreveu livros ensaísticos de grande importância. Um merece destaque especial: “A Ponte Clandestina – Teorias de Cinema na América Latina” (Editora 34, 1995). Poliglota e metódico, Avellar encontrou tempo para atuar como uma espécie de “embaixador” do cinema hispano-americano no Brasil e, também, do cinema brasileiro nos festivais europeus, em especial no de Berlim. Sua morte foi registrada no jornal “Le Monde”, em excelente texto de Paulo Paranaguá, autor de livro seminal sobre o cinema latino-americano (“Cinema na América Latina – Longe de Deus e Perto de Hollywood”).

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