Bilheterias trágicas

O cinema brasileiro vive momento contraditório. Por um lado, festeja sucessos como o polêmico fenômeno “Os Dez Mandamentos” (que teria ultrapassado os 11 milhões de espectadores de “Tropa de Elite 2”) e comédias de formato televisivo (entre 2, 3 ou 4 milhões de ingressos). Por outro, há os filmes mais arriscados, que raramente conseguem mobilizar míseros 10 mil espectadores. Desta fenda abissal, deveria emergir o filme médio, ou seja, aquele que consegue chegar aos 500 mil espectadores. Mas parece cada vez mais difícil atingir este número.

Filmes produzidos com elencos estelares e altos custos, como “Meu Amigo Hindu”, de Babenco, e “O Signo da Cidade”, de Ricelli, não chegaram a 30 mil ingressos. Ano passado, “Que Horas Ela Volta?”, de Anna Muylaert, foi o único filme brasileiro de porte médio a conquistar imensa repercussão social e política e a vender 500 mil bilhetes.

No terreno do documentário, um título se destacou: “Chico, Artista Brasileiro” (130 mil ingressos). Este ano, além dos fracassos de Babenco (um campeão de bilheteria com “Lúcio Flávio” e “Carandiru”) e Ricelli-Bruna Lombardi, realizadores que mantiveram bom diálogo com o público de arte, foram obrigados a se contentarem com bilheterias reduzidas.

Marcos Jorge viu o corajoso “Mundo Cão” estacionar em 20 mil ingressos (vendera quase 100 mil com “Estômago”), e a dupla Ricardo Calil e Renato Terra, que chegara a 80 mil espectadores com o documentário “Uma Noite em 67” (sobre a era dos festivais) viu “Eu Sou Carlos Imperial” reduzir-se a 3 mil ingressos. Mesmo “Reza a Lenda”, concebido para dialogar com o grande público jovem, aquele que gosta de filmes de ação, penou para chegar a 300 mil ingressos.

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