Teste Bechdel-Wallace
No Brasil, a questão feminina no cinema ganhou grande relevo em agosto passado, no Recife, onde Anna Muylaert deveria debater “Que Horas Ela Volta?” com o público que lotava o cinema da Fundação Joaquim Nabuco. Só que dois de seus amigos, os cineastas Cláudio Assis e Lírio Ferreira, em avançado estado etílico, perturbaram de tal forma o ambiente, que a noite foi dada por perdida. Só que, desta vez, houve firmes protestos e a Fundação Joaquim Nabuco decidiu punir os dois cineastas mantendo-os longe de sua sede física, por prazo de um ano. O protesto motivou significativo debate na mídia e Anna Muylaert afinou seu discurso no diapasão feminista. Viu no gesto dos amigos ranço machista. Sentiu que os dois ficaram incomodados em vê-la, uma mulher, no centro das atenções. A discussão entrou para valer em nossa pauta cinematográfica. O que é ótimo.
E partimos, agora, para o Teste Bechdel-Wallace. Trata-se, para quem não sabe, de questionário que estudiosos aplicam ao analisar um filme de ficção: tal obra apresenta pelo menos duas mulheres que conversam entre si sobre algo que não seja um homem? A narrativa adiciona pelo menos duas personagens femininas que tenham nome? Há outras questões em foco. As pesquisas mostram que muitas obras (contemporâneas!) falham neste teste, o que resulta em indicativo de preconceito de gênero. O nome do teste presta homenagem à cartunista norte-americana Alyson Bechdel, pois, em 1985, personagem de seus quadrinhos “Dykes to Waltch out For” externou tais preocupações. Alyson dividiu o crédito com a amiga Liz Wallace, que lhe sugerira o questionamento. O teste foi originalmente criado para avaliar filmes, mas é aplicado a variadas mídias. Também é conhecido como a Regra de Bechdel, Lei de Bechdel ou Medida de Filme MO (Mo Movie Measure)”.