Mostra reúne filmes da nova geração de cineastas indianos
A mostra Novo Cinema Indiano apresenta uma programação inédita no Brasil, com dez filmes selecionados pelos curadores Carina Bini e Shankar Mohan, produzidos nos últimos três anos e que representam uma nova geração de cineastas indianos. Serão exibidos longas-metragens produzidos por realizadores que buscam narrativas menos convencionais dentro da cinematografia do país. Filmes ao mesmo tempo reflexivos e de apelo popular, que transitam entre os festivais internacionais de cinema de autor e o grande público, estabelecendo um verdadeiro contraponto ao estereótipo associado à indústria de Bollywood.
As produções presentes na mostra foram realizadas em sete regiões da Índia, consequentemente, são filmes falados em sete de suas 18 línguas oficiais – desde longas-metragens feitos na remota região de Assam, nordeste do país, onde se fala a língua Bodo, até filmes dos Estados de Tamil Nadu e Kerala, na região sul, a responsável por 50% da produção de filmes indianos.
A sessão de abertura, no dia 6 de janeiro, às 19h, terá uma apresentação de dança indiana com Ludymilla van Lammeren, historiadora pela UFRJ, que estuda a Índia desde 2004, seguida da exibição do longa-metragem Armadilha, de Jayraj, uma adaptação de texto de Anton Chekhov, que mostra o protagonista recomeçando sua vida após a morte dos pais, vencedor do Urso de Cristal em Berlim 2016. Na quinta-feira, 12 de janeiro, às 16h, será realizado o debate “A Índia e a cultura do cinema”, com Gloria Arieira, fundadora e diretora do Vidya Mandir, centro de estudos de Vedanta, Sânscrito e da tradição dos Vedas, e o curador Shankar Mohan.
Entre os destaques da programação, estão também Ilha de Munroe, dirigido por Manu, que aborda o conflito de gerações na Índia dos dias de hoje (prêmio de melhor diretor estreante no John Abraham Award); Cinemawalla, de Kaushik Ganguly, que traz a história de um homem e sua luta pela sobrevivência de um cinema de rua na Índia voltado para exibição de filmes em película; O Ovo do Corvo, assinado por M. Manikandan, que narra as aventuras de dois meninos que sonham em conseguir dinheiro para comprar uma pizza (premiado como Melhor Filme Infantil e Melhor Ator no Indian National Awards e seleção oficial do Festival de Toronto); e O Navio de Teseu, primeiro filme de Anand Gandhi, aclamado na Índia (prêmios de melhor filme e diretor do Indian National Awards, melhor cinematografia do festival de Tóquio, entre outros prêmios internacionais). Vale citar ainda Apur Panchali, inspirado na história da vida de Subir Banerjee, o ator mirim que interpretou o papel icônico de Apu no consagrado filme Pather Panchali, do diretor Satyajit Ray.
A Índia está entre os cinco maiores polos produtores e consumidores de cinema do mundo. Dados no Ministério da Informação e Difusão indiano apontam que até o final de 2016 terão sido realizados, neste ano, quase 2 mil filmes no país. Anualmente, as bilheterias somam algo em torno de US$ 2,25 bilhões. Apenas uma fração desses filmes é exibida internacionalmente.
Os indianos consomem seus próprios filmes há décadas. O cinema indiano leva para suas salas de cinema (estimadas em 13 mil) as histórias, desejos e aflições de seu povo, construindo um imaginário de forte influência para os padrões sociais do país.
A programação da mostra Novo Cinema Indiano pode ser conferida no site www.bb.com.br/cultura.
Mostra Novo Cinema Indiano
Data: 6 a 15 de janeiro
Local: Centro Cultural Banco do Brasil Rio de Janeiro – Rua Primeiro de Março 66, Centro – (21) 3808-2020 – Salas de Cinema 1 (98 lugares) e 2 (50 lugares)
Ingressos: R$ 10 e R$ 5 (meia)