Taego Ãwa
Os irmãos cineastas Henrique e Marcela Borela se depararam com um material digno de roteiro de filme, e assim o fizeram. No documentário Taego Ãwa, que estreia nos cinemas nesta quinta-feira, dia 11 de maio, registros recentes se misturam a imagens antigas dos índios Ãwa. O filme estreia em várias cidades, através do projeto Sessão Vitrine Petrobras.
Foi através de cinco fitas VHS com registros dos índios Ãwa, mais conhecidos como Avá-Canoeiros do Araguaia, achadas numa faculdade, que Marcela e Henrique deram início ao projeto. A partir daí, encontraram outros materiais e foram em busca daquele povo, investigando a fundo a origem e a trajetória dos Ãwa até aqui, inclusive o passado de enfrentamento com os brancos, o histórico de reclusão, a luta por demarcação de território e pela restituição das terras.
Marcela Borela conta que, apesar de terem feito o filme ao longo de 12 anos em busca de imagens de arquivo, a motivação das filmagens só poderia surgir em parceria com os Ãwa.
Taego Ãwa é uma produção da Barroca e F64 filmes, em parceria com a Associação do Povo Ãwa – APÃWA, da Cinemateca Brasileira, do NPD-GO – Núcleo de Produção Digital de Goiás, do Instituto Federal de Goiás – Câmpus Cidade de Goiás, da Ideia Produções e da Balaio Produções, tendo como produtora associada Luana Otto. O filme foi viabilizado através do Edital Longa.doc 2013, Edital de Fomento ao Documentário Brasileiro, da SAv/Minc e recebeu também patrocínio da Spcine – linha 3, para sua distribuição.
No longa, o grupo Avá-Canoeiro do Araguaia narra sua trajetória de desterro, cativeiro e luta pela reconquista de sua terra tradicional, também chamada Taego Ãwa – que leva o nome da primeira mulher de Tutawa, Taego, que é mãe de Kaukama – ela que por sua vez é mãe, avó e bisavó de todos os Avá-Canoeiro do Araguaia que nasceram após o contato de 1973. No contato, realizado pela FUNAI, os Ãwa foram retirados à força da Mata Azul e de pois foram enjaulados e expostos para visitação pública. Boa parte do grupo morreu de doenças alheias. Os remanescentes acabaram entregues aos Javaé – ocupantes de uma terra vizinha ao território Avá-Canoeiro. Tutawa, capturado ainda jovem pela frente de atração da Fundação Nacional do Índio (Funai), morreu em 2015 sem ao menos ter o direito de serenterrado no último refúgio de seu povo antes do trágico contato: o Capão de Areia.
A Terra Indígena Taego Ãwa, que aguardava demarcação do Ministério da Justiça desde 2012, teve portaria declaratória publicada e homologada Dilma Rousseff, pouco antes dela ser afastada de suas atividades, no dia 12 de abril de 2016. Na ocasião da demarcação da TI Taego Ãwa, ocorria o 13º Acampamento Terra Livre (ATL), em Brasília (DF), organizado pela Articulação Nacional dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), que se repete em 2017, como o maior encontro pelos direitos constitucionais dos povos indígenas no Brasil.
Estes documentários deveriam ser disponibilizados para o povo.