Festival de Annecy deste ano homenageia a animação brasileira

O maior festival de animação do mundo está prestes a começar e, com ele, as homenagens que Annecy fará, pela primeira vez, à produção brasileira. Este momento inédito mostra a força da animação do país e coroa o momento de expansão que essa indústria vive. Para se ter uma ideia, em 2017, a animação nacional viveu seu melhor momento em 22 anos, com o lançamento de sete longas-metragens e com o robusto crescimento na produção de séries animadas, que passaram de duas para 44, nos últimos dez anos. Além disso, o Fundo Setorial do Audiovisual (FSA) mostrou-se um agente (e aliado) importante para tal expansão. Administrado pelo Ministério da Cultura por meio da Ancine, o fundo investiu mais de R$ 109 milhões nesse tipo de produção, tanto para cinema quando para TV, desde 2007.

A ampliação da presença de produtores e animadores brasileiros em diversos festivais e eventos pelo mundo e a apresentação de conteúdo produzido no país em mostras especiais, incentivadas pelas ações da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) e de suas entidades parceiras, também não passou despercebida pelos organizadores de Annecy. Nas últimas quatro edições, a presença brasileira no evento vinha sendo marcada por delegações que reuniam entre oito e dez empresas. Em 2018, esse número mais que triplicou e o grupo será composto por 36 empresas, todas integrantes dos projetos parceiros da Apex-Brasil com entidades setoriais que promovem as exportações dos segmentos de audiovisual e música: Brazilian Content, Brasil Music Exchange, Cinema do Brasil e FilmBrazil, que atuarão de forma integrada no festival e no Mifa, área de mercado do festival. O espaço brasileiro no Mifa também cresceu: passou de 9m² para 45m².

Oito produções nacionais estão indicadas em cinco categorias nas competições deste ano – o longa “Tito e os Pássaros”, dirigido por Gustavo Steinberg, entrou para a seleção oficial do evento. Na seleção para TV Films, Copa Studio e Coala Filmes, concorrem, respectivamente, pelos episódios “Eject Especial”, de Irmão do Jorel, e “Delírios de um Amor Louco”, de Angeli the Killer; na categoria filmes comissionados (publicidade) concorrem A Troca, Day One “Sunshine” (coprodução com os Estados Unidos) e Leica “Everytihing in Black and White”, os três da Vetor Zero/Lobo.

O curta-metragem Almofada de Penas, dirigido por Joseph Specker Nys, também foi selecionado para participar do festival, na seleção oficial de curtas “Perspective”.

Annecy também contará com a presença de palestrantes brasileiros em painéis e com uma sessão exclusiva sobre o país, o “Territory Focus”, que contará com a participação de produtores e do presidente da Ancine Chirstian de Castro.

Ruben Feffer, CEO da Ultrassom, empresa responsável pelas trilhas sonoras de sucessos da animação brasileira como “O Menino e o Mundo” e “Guida”, ambos premiados em edições passadas de Annecy, e pela trilha sonora de “Tito e os Pássaros”, estará no painel “The soundtrack as a fundamental element of animated feature films”. Celia Catunda, da TV Pinguim, produtora responsável por séries como “Show da Luna” e “Peixonauta”, também representará o país como palestrante. Já Fábio Yabu, autor de “Princesas do Mar”, livro que deu origem à série de TV homônima em 2004, será jurado na atividade “Shoot the book”. Mateus de Paula Santos, sócio e diretor da produtora Vetor Zero/Lobo, destaque em vários projetos premiados no setor publicitário, também estará entre os representantes do Brasil no “Territory Focused”.

Estão na agenda do festival shows de bandas brasileiras que integram o projeto Brasil Music Exchange e uma exposição organizada pela ABCA (Associação Brasileira de Cinema de Animação) em parceria com o Ministério da Cultura sobre a história da animação do Brasil. Mostras especiais com conteúdos brasileiros, com curadoria do Anima Mundi, o principal festival de animação nacional, também acontecem durante o evento. Uma dessas sessões terá como tema os Commissioned Films, filmes publicitários, videoclipes e filmes feitos por encomenda. O Anima Mundi selecionou 32 desses trabalhos produzidos nos últimos anos.

Parceiros da Apex-Brasil, o Ministério das Relações Exteriores e a Ancine também integram as organizações brasileiras que apoiam a delegação este ano.

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