Proibido Nascer no Paraíso
Após algumas exibições especiais em salas de cinema, o filme Proibido Nascer no Paraíso, de Joana Nin, estreia na Globoplay, no dia 1º de maio, e também no GNT, no dia 5 de maio.
Em sua primeira visita a Fernando de Noronha, a documentarista Joana Nin ficou intrigada com uma frase que ouviu: “Aqui é proibido nascer.” Ao investigar isso, descobriu que as grávidas são obrigadas a ir para Recife 12 semanas antes dos seus partos, que devem ser feitos na capital. Na ilha até existe hospital, mas que não realiza procedimentos obstétricos há quase 20 anos.
É de uma indignação da própria diretora que nasceu Proibido Nascer no Paraíso, rodado entre 2017 e 2019, que acompanha três gestantes de famílias tradicionais da ilha, cujo desejo é dar à luz no local onde moram, perto de seus familiares. Ione, Harlene e Babalu são obrigadas a se deslocar para o continente para realizarem seus partos.
No filme, a cineasta explicita como as mulheres perderam o poder sobre seus próprios corpos. A questão de Fernando de Noronha é reveladora nesse sentido. As condições precárias do hospital local, o São Lucas, afetam não apenas as gestantes, mas também os turistas, pois a instituição não está preparada para qualquer intervenção que dependa de um centro cirúrgico, anestesista, banco de sangue, UTI ou qualquer outro tipo de atendimento para além do básico.
O lançamento de Proibido Nascer no Paraíso foi planejado para acontecer na sequência de uma campanha de impacto, forma inovadora de estrear documentários já bastante popular em outros países, mas que no Brasil ainda é novidade. O trabalho consiste em construir uma rede de apoio capaz de potencializar a divulgação do filme e assim aumentar o alcance de público. Desde maio de 2020, a produtora Sambaqui Cultural vem realizando sessões fechadas online com públicos estratégicos ligados diretamente ao tema gravidez e parto, ou ao direito da mulher, sempre seguidas de debate com a diretora e equipe. Até o momento, foram 16 parceiros mobilizados, como OAB Mulher, Grupo Curumim, Rehuna, Instituto Aurora, CLAM (Centro Latino Americano em Sexualidade e Direitos Humanos), entre outros, atingindo um público qualificado.
Este trabalho tem foco na construção de um relacionamento empático com ativistas e pessoas engajadas com as causas do filme, antes de chegar às salas de cinema, o que ajuda na mobilização social para a ampliar o alcance da campanha de lançamento. Para o lançamento, em maio, a equipe está preparando um “barrigaço do mês das mães” com templates e convites para mulheres de todo o Brasil contarem sobre como tiveram, ou não, as suas escolhas de parto respeitadas – a ser postada nas redes sociais do filme. Para chamar atenção a esta questão, também está sendo organizado um debate com profissionais de destaque no debate do parto humanizado, nomes a confirmar, para ser realizado dia 4 de maio ao vivo e online pelo YouTube.
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