Animação stopmotion vem ganhando seu tão aguardado espaço nas produções brasileiras
Por Jeferson Canesso
Você já deve ter ouvido falar em animação stopmotion, e que atualmente tem caído no gosto popular e pode ser encontrada em todos lugares, seja nas redes sociais e ou em vídeos de publicidade e propaganda e que também tem um lugar especial em curtas e longas metragens. Muito se fala sobre animação stopmotion mas pouco sobre quem a faz literalmente.
Desde a primeira animação brasileira, O Kaiser, de 1917, do diretor Álvaro Martins, permeando entre as grandes produções atuais – O Menino e o Mundo, do diretor Ale Abreu, e Minhocas (primeiro longa-metragem em animação stopmotion, baseado num curta-metragem de animação de 2005), do diretor Paolo Conti – nunca tivemos um período tão proveitoso na produção de animação quanto nos últimos 20 anos. São pouco mais de 40 longas e uma infinidade de curtas, obras infanto-juvenis e adultas, cômicas, animação tridimensional, desenhadas diretamente no papel, ou as experimentais com massinha, como no caso da animação stopmotion, e vivemos um cenário em constante expansão na produção de animação e no inevitável surgimento de novos estúdios.
No Brasil, o cenário da animação vem crescendo e ganhando bastante destaque em grandes festivais como o de Annecy. A área mais interessante dos últimos tempos, de fato, é a das produções em stopmotion. Assim como outros tipos de animação, o stopmotion vai muito além do que uma série de fotogramas colocados lado a lado para se gerar um segundo animado. Quem consome entretenimento, a todo tempo é bombardeado por grandes produções em animação stopmotion de estúdios internacionais como Aardman e Laika, que tem propriedade no assunto, mas, atualmente, os projetos do Brasil não deixam a desejar.
Animação também é coisa de adulto
O que encanta na animação stopmotion, além do fazer artesanal, são as pessoas que estão por trás das câmeras e a forma majestral que elas o fazem. Mesmo com todas as inovações tecnológicas dos últimos anos, que vieram para somar com a animação stopmotion, tornando-a mais fácil e rápida de ser produzida, ainda existe aquele gostinho de se produzir tudo artesanalmente de uma forma simples, porém profissional.
Estúdios brasileiros têm se destacado e vêm trabalhando com projetos visualmente belos e com histórias incríveis. Desde as primeiras animações stopmotion do Brasil; Frankenstein Punk (1985), dos diretores Cao Hamburger e Eliana Fonseca, e o A Garota das Telas (1988), também de Cao Hamburger, passamos por uma evolução que pode ser apreciada em estúdios expoentes como Coala Filmes, Térreo Estúdio, Vetor Zero, entre outros.
Podemos destacar também os nomes de alguns animadores de grande importância para o gênero e a técnica, bem como de algumas de suas obras, acompanhando o desenvolvimento e a popularidade do stopmotion no Brasil.
Para além dos grandes estúdios brasileiros, temos animadores criando e produzindo animações stopmotion de forma independente em várias épocas. Nomes renomados como Marcos Magalhães, criador do inesquecível Ratinho de massinha do Castelo Rá-Tim-Bum, o todo poderoso Fabio Yamaji, Jamile Coelho e Cintia Maria com a produção Órun Àiyé: a Criação do Mundo (2015), Giz (2015), do incrível Cesar Cabral, a belíssima animação Almofada de Penas, de Joseph Specker Nys, O Quebra Cabeça de Tarik (2015) de Maria Leite…
E a lista não para por aqui, você ainda vai ouvir repetidamente nomes como Giuliana Danza, Fabiana Fukui, Gabriel Nóbrega, Pedro Iuá Fontes, Mateus Pereira, Daniel Ferreira (ferreristico), Rosana van der Meer e Fabrício Tacahashi, estes últimos diretores de A Velha e o Mar… e a Batedeira.
O Brasil também tem exportado grandes talentos do universo stopmotion, consagrando a expertize de alguns animadores brasileiros que trabalham em grandes estúdios ao redor do mundo. Temos Thiago Calçado, animador nos estúdios Laika, e Matias Liebrecht, animador de filmes do diretor Tim Burton.
Diante desse promissor cenário, grandes projetos ainda estão por vir, entre eles, adiantamos algumas produções em destaque: Minhocas 2: O Espião que Esquecia Demais, do diretor Paolo Conti, Os Amigos, do diretor Gabriel Nóbrega, Um Pinguim Tupiniquim, de Cesar Cabral e João Tenório, A Traça Teca e Tuti em uma Noite na Biblioteca, de Diego Doimo, Bob Cuspe: Nós Não Gostamos de Gente, uma produção da Coala Filmes, vencedora da mostra Contrechamp do Festival de Annecy desse ano.
Por fim, podemos dizer que a animação stopmotion no Brasil é um caso à parte, regida entre a experimentação e a genialidade de quem a produz.
Jeferson Canesso é roteirista, escritor, produtor de desenhos animados e estudante de Letras/Literatura
Olá, tudo bem? Gostaria de fazer um orçamento p/meu clipe musical.