Cineasta baiano Geraldo Sarno ganha retrospectiva inédita

Um dos mais respeitados diretores e roteiristas do país, Geraldo Sarno (1938-2022), ganha uma retrospectiva inédita no Centro Cultural Banco do Brasil, em São Paulo. O evento gratuito, que acontece até 9 de julho, traz a mais completa amostragem da obra de Sarno, onde serão exibidos 26 filmes, entre longas, médias e curtas-metragens, de ficção e documentário.

Com a curadoria de Ewerton Belico e Leonardo Amaral, a mostra celebra a obra deste cultuado diretor, que imprimiu nos seus filmes diversas faces da cultura brasileira, como a religiosidade popular, a literatura de cordel, os santeiros, a memória do cangaço, a migração nordestina e a herança sertaneja.

No início da carreira, depois de se mudar da Bahia evitando a perseguição política pela ditadura militar, o cineasta fez parte da Caravana Farkas, conjunto de documentários produzidos pelo fotógrafo e diretor Thomas Farkas, entre 1964 e 1969, revelando aspectos marcantes da realidade brasileira.

O público terá a oportunidade única de assistir títulos raros no circuito comercial como “Viramundo” (foto, 1965), que mostra a chegada de nordestinos à cidade de São Paulo; “Coronel Delmiro Gouveia” (1978), que conta a história de um homem rico e influente que decide ingressar na carreira política contra os tradicionais mandachuvas de Recife; “Dramática Popular” (1968), que aborda a literatura de cordel e manifestações como zabumba, dança do maribondo e o bumba-meu-boi; “Vitalino/Lampião” (1969), sobre a obra do escultor popular Mestre Vitalino; “Segunda-feira” (1975), realizado na Feira de Caruaru (PE), esmiúça as particularidades desses mercados a céu aberto; “Eu Carrego o Sertão Dentro de Mim” (1980), com narração baseada em texto de João Guimarães Rosa; “A Terra Queima” (1984), em que o Nordeste é uma questão nacional em muitos sentidos; e o seu último trabalho, o premiado “Sertânia” (2018), filme que projeta a mente febril e delirante de Antão.

O diretor também mostra seu interesse pela religião popular em “Viva Cariri!” (1969), pelos romeiros do Padre Cícero; no terreiro de Mãe Filhinha em “Espaço Sagrado” e “Iaô” (1976), pelo cristianismo do povo em “Deus é um Fogo” (1992). Das relações entre literatura, história e cinema, Sarno dirigiu obras como “Semana de Arte Moderna” (1972), que aborda o que ficou definitivamente sepultado naqueles sete dias de 1922 e o que permaneceu vivo até hoje, ressaltando o significado de Tarsila do Amaral, Mario de Andrade, Di Cavalcanti; e “Casa Grande & Senzala” (1978), sobre o livro “Casa Grande e Senzala”, de Gilberto Freyre, publicado em 1933. O cineasta adaptou também obras de Monteiro Lobato em “O Picapau Amarelo” (1972); de Balzac/Waldo Vieira no “Último Romance de Balzac” (2010); e do General Abreu e Lima em “Tudo isto me Parece um Sonho” (2008).

A Retrospectiva Geraldo Sarno inclui ainda duas novas digitalizações de filmes com escassas exibições nas últimas décadas: “Iaô” (1976), realizado junto ao “Ilê Axé Ató Ilé”, no Recôncavo Baiano; e “Plantar nas Estrelas” (1979), documentário de Sarno feito em Moçambique.

Para completar a programação, serão realizadas duas mesas de debates presenciais, criando um panorama histórico e reflexivo sobre a obra do cineasta. O catálogo da Retrospectiva Geraldo Sarno conta com fotos e textos do acervo pessoal de Sarno, recuperados e digitalizados pelo projeto A linguagem do cinema, coordenado por Rayssa Coelho em parceria com o próprio diretor.

A programação completa da mostra pode ser conferida em bb.com.br/cultura.

Retrospectiva Geraldo Sarno
Data:
até 9 de julho
Local: Centro Cultural Banco do Brasil São Paulo – Rua Álvares Penteado, 112 – Centro Histórico, São Paulo/SP – (11) 4297-0600
Funcionamento: Aberto todos os dias, das 9h às 20h, exceto às terças
Ingressos: gratuitos pelo site bb.com.br/cultura e na bilheteria a preços populares

One thought on “Cineasta baiano Geraldo Sarno ganha retrospectiva inédita

  • 11 de julho de 2023 em 08:47
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    A mostra já passou por Brasília e segue pro Rio depois de SP, né?

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