Festival de Cinema Judaico traz produções de vários países

A 26ª edição do Festival de Cinema Judaico acontece de 13 a 20 de agosto, com 16 sessões na tela do Teatro Arthur Rubinstein do clube Hebraica, em São Paulo, de obras relacionadas ao judaísmo e Israel por diferentes ângulos, que incluem 17 filmes e em uma das sessões serão exibidos um curta e um documentário.

Neste ano, o festival traz filmes vindos de países como França, Alemanha, EUA, Israel, Argentina, Brasil, Ucrânia e Holanda.

Após ampla reforma de revitalização, o Teatro Arthur Rubinstein da Hebraica (520 lugares) irá celebrar a noite de abertura do festival, dia 13 de agosto, às 18h30, com o filme “O Homem no Porão” (foto) – também exibido na abertura do Festival de Cinema Judaico de Toronto, realizado recentemente –, que apresenta elenco estrelado vindo da França, como François Cluzet, de “Intocáveis”, e Bérénice Bejo, indicada ao Oscar de melhor atriz coadjuvante em 2012 por sua atuação em “O Artista”, que ganhou cinco categorias naquele ano, incluindo melhor filme e melhor diretor. “O Homem no Porão”, dirigido por Philippe Le Guay, trata do revisionismo histórico e do Holocausto de maneira tensa e questionadora, quando um casal vende o porão de seu imóvel e passa a lidar com o novo morador, que se revela um antissemita negacionista.

No último dia do festival, praticamente uma avant-première, a exibição do aguardado filme “Golda – A Mulher de uma Nação”, que mostra os acontecimentos da Guerra do Iom Kipur, em 1973, sob o ponto de vista da ex-primeira-ministra israelense Golda Meir. O filme apresenta, no papel da protagonista, a atriz Helen Mirren, que tem diversos prêmios na carreira, como o Oscar de 2007, quando interpretou a rainha Elizabeth II em “A Rainha”. Para se ter uma ideia de como o filme é questionador, a própria Mirren causou polêmica ao fazer comparações entre Golda Meir e o atual primeiro-ministro Benjamin Netanyahu durante recente visita a Israel para promover a exibição da obra na abertura do Festival de Jerusalém.

Já é tradição no Festival de Cinema Judaico da Hebraica a programação incluir bate-papos com convidados envolvidos nas produções exibidas. Neste ano, serão três momentos com a presença de mulheres brasileiras que vão discutir as obras e a participação de mulheres na indústria cinematográfica.

A cineasta Elza Cataldo estará no clube para falar sobre “As Órfãs da Rainha”, ficção ambientada no período em que a Inquisição chega ao Brasil. O filme mostra três irmãs que perderam os pais e, criadas pela rainha de Portugal, são enviadas contra suas vontades para povoar a colônia. As locações aconteceram em uma cidade cenográfica construída dentro de uma fazenda na Zona da Mata mineira, onde Elza nasceu. Um detalhe: a história se passa na Bahia do século 16. A primorosa produção levou dez anos para ficar pronta, incluindo a leitura de mais de 300 livros, viagens para Portugal e Espanha, e mais de dez revisões do roteiro. O empenho já rendeu participações e prêmios, por exemplo, no Toronto International Women Festival, Los Angeles Independent Women Film Awards e Washington Jewish Film Festival.

Outro debate previsto para acontecer na Hebraica será após a sessão conjunta do curta “As Manhãs de Majer”, da diretora Renata Jesion, e do filme “Bela”, que tem a direção de Paula Zimerman Targownik, brasileira radicada na Alemanha, junto com o marido, Daniel Targownik. “As Manhãs de Majer” é baseado nos relatos do pai de Renata, sobrevivente de quatro campos de concentração, e integra um projeto de autorreflexão pessoal, junto com a peça teatral “121.023 J”, que teve longa temporada em várias cidades, e não se restringe à questão judaica, questionando como são tratadas as pessoas “diferentes”.

Já o longa “Bela” é um documentário sobre uma história pouco conhecida de sobreviventes do Holocausto que fugiram da Alemanha para a China e mostra a experiência dos diretores após uma visita ao Gueto de Xangai, onde os judeus que chegavam eram confinados com chineses pobres que já vivam no local.

Paula Zimerman Targownik também integrou a equipe de roteiristas da comédia romântica franco-israelense “Paris Boutique”, dirigida por Marco Carmel, que faz parte da programação do festival, sobre como uma advogada judia que chega da França e sua guia em Israel descobrem uma relação secreta entre uma ultraortodoxa e um cristão. A roteirista também estará presente para um bate-papo após a apresentação do filme.

Outra obra que deve despertar o interesse do público é o documentário “Nisman, a Vítima 86”, de Pablo Racioppi, com detalhes de um caso que abala profundamente a comunidade judaica, a sociedade argentina e a vida política do país vizinho ao Brasil. O filme aborda a morte do procurador Alberto Nisman, encontrado morto às vésperas de apresentar os resultados das investigações sobre o envolvimento do governo argentino com iranianos do atentado terrorista contra a AMIA (Sociedade Mutual Israelita Argentina).

O filme “SHTTL”, por sua vez, é totalmente falado em iídiche e revela a vida dos habitantes de uma aldeia rural, um tradicional “shtetl” na fronteira da Ucrânia com a Polônia, pouco antes da invasão nazista na Segunda Guerra Mundial, na chamada Operação Barbarossa. A produção franco-ucraniana foi concluída em 2021, antes da atual guerra com a Rússia, com a proposta de transformar o set em museu, mas toda estrutura foi destruída no conflito.

Escolhido como melhor filme pelo público do Miami Jewish Film Festival em 2022, a comédia “iMordecai” aborda a relação de um sobrevivente do Holocausto com seu filho depois que ganha dele de presente um iPhone e é obrigado a se deparar com as mudanças do mundo moderno.

A pedido do público, dois filmes de sucesso na Mostra de Cinema Israelense Hebraica SP 70 – 75 Israel, realizada em abril, vão ser exibidos novamente no clube. “Exodus 91” é baseado em fatos da Operação Salomão, que conseguiu levar mais de 15 mil judeus da Etiópia para Israel. Já “Matchmaking” é uma adaptação divertida do clássico “Romeu e Julieta” envolvendo israelenses ortodoxos que tiveram o casamento arranjado.

A programação completa do festival, com a grade e sinopse dos filmes, dias e horários, pode ser acessada em www.ahebraica.org.br.

 

26º Festival de Cinema Judaico
Data: 13 a 20 de agosto
Local: Teatro Arthur Rubinstein – Clube Hebraica – Rua Hungria, 1000 – Pinheiros – São Paulo/SP
Ingressos: à venda no site www.ticketfacil.com.br | Valores para sessões avulsas: R$ 36 (inteira) e R$ 18 (meia e sócios do clube) | Passaporte válido para todas as sessões: R$ 140 (sócios) e R$ 200 (não sócio)
Informações: (11) 3818-8888/8889

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