Festival de Locarno exibe trabalhos do cineasta Rogério Sganzerla
Um dos principais representantes do cinema brasileiro, Rogério Sganzerla (1946-2004), diretor do filme clássico “O Bandido da Luz Vermelha” (1968), terá a exibição de seus filmes ao longo deste mês de agosto, no Festival de Locarno e também em Portugal. No dia 10 de agosto, o público do festival suíço terá a chance de conferir o raro longa-metragem “Abismu” (1977) e seu primeiro filme, o curta “Documentário” (1966), que serão exibidos na mostra Histoire(s) du cinéma, mostra paralela dedicada a mestres da história do cinema mundial, sendo o único cineasta latino-americano junto a filmes de diretores consagrados e conhecidos mundialmente como Alfred Hitchcook, Jean-Luc Godard, Ridley Scott, entre outros, com títulos selecionados para a mostra. Antes, a obra será recordada em uma retrospectiva dedicada ao diretor e sua parceira nas telas e na vida, a atriz e também realizadora Helena Ignez, que acontece no Cinema Trindade, na cidade do Porto, entre os dias 4 e 6 de agosto.
Os filmes do realizador brasileiro exibidos no 76º Festival de Locarno, que acontece de 2 a 12 de agosto, na Suíça, integram a mostra paralela que homenageia a história do cinema.
Em sua estreia como diretor, Sganzerla produziu uma ode à Sétima Arte em “Documentário”, curta que, apesar do título, trata-se de uma ficção em que dois jovens vagueiam pela rua em busca de um filme para assistir. Já o idiossincrático “Abismu” terá a oportunidade de ser redescoberto pela cinefilia, pois foram poucos os espectadores brasileiros que assistiram a esta viagem sensorial e existencial, entre a filosofia, esoterismo, música e tantas coisas mais, que traz Norma Bengell, José Mojica Marins, Wilson Grey e Jorge Loredo no elenco. “A origem ancestral das Américas e a rica complexidade do nosso país é o caminho imprevisível seguido por este cataclismo musical, que é também uma homenagem à guitarra de Jimi Hendrix”, define Helena Ignez, viúva de Rogério e musa de vários trabalhos dele.
“Abismu foi filmado nos anos mais ardentes e soturnos da ditadura militar. Eu estava grávida de Djin durante este filme monumental, que é o único filme de ficção realizado por Rogério em que não participo. Norma Bengell, atriz maravilhosa e minha amiga, veio da Itália, onde estava morando, e desejava trabalhar com Rogério”, recorda a atriz e cineasta, que apresentará as sessões de ambos os filmes em Locarno, no dia 10 de agosto, ao lado da filha Djin Sganzerla. As exibições de “Documentário” e “Abismu” em duas salas do PalaCinema contarão com cópias DCP 2K, telecinadas dos originais graças ao esforço da Mercúrio Produções e da filha e igualmente cineasta Sinai Sganzerla.
Antes, é a vez dessa excelência familiar ser lembrada em Portugal, na Mostra Cinema Fora da Lei – Ciclo de cinema Rogério Sganzerla & Helena Ignez, na célebre sala de rua do Porto, Cinema Trindade. Nos dias 4, 5 e 6 de agosto, serão exibidos três clássicos de Rogério Sganzerla, “O Bandido da Luz Vermelha”, “A Mulher de Todos” (1969) e “Copacabana mon Amour”, ao lado do documentário de Sinai Sganzerla sobre sua mãe Helena, “A Mulher da Luz Própria” (2019), e o mais recente longa dirigido e estrelado por Ignez, “A Alegria é a Prova dos Nove” (2023). O talento do realizador ainda será reverenciado mais uma vez em terras portuguesas, com seus filmes presentes na programação de setembro de um canal a cabo local.
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