TV Brasil estreia “Unicórnio”, de Eduardo Nunes
A TV Brasil apresenta o filme inédito “Unicórnio” na sessão de cinema deste domingo (12), às 14h. Baseada em dois contos da autora Hilda Hilst, a produção é estrelada pela jovem Barbara Luz, que divide a cena com Patrícia Pillar, Zécarlos Machado e Lee Taylor. O denso longa-metragem nacional dirigido por Eduardo Nunes também pode ser assistido no app TV Brasil Play.
A narrativa do drama se constrói em dois tempos e espaços distintos. De um lado, prosa numa sala branca e estéreo. De outro, a paisagem do campo em atos onde o silêncio impera. A adaptação para a telona é inspirada nos contos “Matamoros” e “O Unicórnio”, ambos de autoria da escritora Hilda Hilst.
Maria (Bárbara Luz) e sua mãe (Patrícia Pillar) vivem isoladas em uma rústica casa de campo, esperando a volta do pai da menina (Zé Carlos Machado), após ele abandoná-las. A chegada de um criador de cabras (Lee Taylor) à região, porém, irá mudar a relação entre elas e transformar suas vidas.
A paisagem ajuda a narrar a dinâmica das personagens e serve como cenário para os conflitos entre elas. A trama valoriza os ambientes em que a história se apresenta ao combinar os espaços com as questões profundas vivenciadas nos silêncios e na falta de diálogo entre as protagonistas.
A história inicia com uma conversa entre Maria e seu pai sentado num banco em um amplo salão branco vazio. As versões do convívio familiar são retratadas nas falas desse papo, que marca a presença do pai na vida dessa menina na figura, ao mesmo tempo, ausente e presente.
Em contraste aos encontros na límpida sala, a garota passa por uma fase repleta de descobertas em outra perspectiva no contato com a natureza. Essa etapa se dá em um ambiente cheio de cores, na imensidão verde da área rural, onde Maria reside e lida com a ausência física do pai e a ausência de diálogo com a mãe. O lento movimento de câmera e a trilha sonora das ações também ajudam nessa composição.
O espectador fica imerso nessa dicotomia em que o unicórnio serve como metáfora para a representação da menina na natureza. Com o distanciamento e aproximação entre as personagens, da indiferença à inveja, o silêncio marca a cena em que o olhar serve como guia para a presença nesses espaços verdes.