CCBB Brasília realiza mostra com filmes que versam sobre as múltiplas formas de ser mulher

O CCBB Brasília realiza uma edição especial da mostra Cinema Urbana entre os dias 13 e 26 de setembro. Lançada em 2019 e com quatro edições realizadas no DF, a Mostra Internacional de Cinema de Arquitetura foi criada para dar vazão a obras que debatem estruturas sociais e dinâmicas do cotidiano urbano. Em 2024, a programação traz olhares audiovisuais para as “mulheridades”, exibindo 37 produções, divididas entre 27 curtas e 10 longas de 15 países, como Costa Rica, EUA, Bélgica, França, Angola, Japão, Índia, Senegal, Suíça, Chile, Cuba, Líbano, Polônia e Brasil.

Os filmes em cartaz abordam o protagonismo feminino, a quebra de estigmas entre mulheres cisgêneros e transsexuais, estereótipos de gênero e raça e universos narrativos que conformam questões de pertencimento e afeto. Esta edição da Cinema Urbana tem a pergunta “existe uma fórmula de ser mulher?” como orientação temática, inspirando-se na força política e histórica das “gasolineiras de kebrada”, personagens principais da ficção “Mato Seco em Chamas” (foto), de Adirley Queiroz e Joana Pimenta, rodada na favela do Sol Nascente (DF) em 2022.

Aos finais de semana, Cinema Urbana apresenta sessões ao ar livre acompanhadas de muita música e intervenções artísticas. Apresentações de DJs e VJs com curadoria de Mari Mira e Pati Egito antecedem as sessões de filmes. A abertura do evento acontece na sexta-feira (13) e é embalada pelas VJs e DJs do coletivo Eixona, formado por Mari Mira, Pati Egito e Isadora Perigo, com apresentação de videomapping e set musical seguido da festa Eixona, de música afro-caribenha.

No sábado (14), os jardins do CCBB recebem projeção do já citado “Mato Seco em Chamas”, e domingo (15) é dia de dobradinha com o curta “Escasso”, de Gabriela Gaia Meirelles, e o longa “Nomadland”, de Chloé Zhao, que arrebatou três prêmios no Oscar em 2021, de melhor filme, direção e atriz, sobre o nomadismo moderno de Fran, uma mulher que decide viver sem fronteiras após ver a cidade industrial em que vivia e trabalhava colapsar.

Na sexta seguinte (20), os jardins recebem projeção de cinco curtas de renomadas realizadoras trans, negras, LGBTs e indígenas, como Yasmin Thayná, Wara e Rafaelly (La Conga Rosa). No sábado (21), a tela na área externa recebe projeção do curta “As Mulheres Palestinas”, de Jocelyne Saab, e do longa de Susanna Lira, “Fernanda Young: Foge-me ao Controle”, ensaio poético sobre a vida da escritora, apresentadora e roteirista carioca.

E no domingo (22), Cinema Urbana faz exibição externa de 13 curtas-metragens silenciosos de Alice Guy-Blaché (1873-1968), pioneira do cinema de ficção francês, acompanhados por trilha sonora tocada ao vivo. O projeto convidou a renomada pianista Iara Gomes para dar som às imagens de Blaché. Ela se apresenta ao lado de seu quarteto, complementado por Thanise Silva na flauta, Marlene Souza Lima na guitarra e Luciana de Oliveira na percussão.

Entre 15 e 26 de setembro, as tardes e noites são ocupadas com sessões de cinema de todo o mundo, realizadas na sala de cinema do CCBB Brasília. “Ceniza Negra”, de Sofia Quiros, exibido na Semana da Crítica de Cannes (2019), é um longa costa-riquenho que narra o impasse na vida de uma menina caribenha de 13 anos ao perder a mãe e ver-se com a responsabilidade de cuidar do avô. “Pattaki” (2018) é um curta de Everlane Moraes, considerada uma “cine-oferenda” para Yemanjá, e o longa “Chão” (2021), de Camila Freitas, trata sobre a luta pela terra e a reforma agrária no Brasil.

A mostra guarda espaço para revisitar clássicos como o documentário franco-belga “Là-Bas” (2006), de Chantal Akerman, que reflete a vida cotidiana em Tel Aviv através das cortinas de um apartamento, e “Sambizanga” (1972), primeira produção cinematográfica realizada em Angola e longa de estreia de Sarah Maldoror, inspirado no livro “A Vida Verdadeira de Domingos Xavier”, uma obra que confere olhar feminino ao processo de libertação colonial do país africano.

Programa-se, ainda, uma sessão erótica no festival, com curtas que trazem olhares não-estereotipados sobre o corpo e repensam sexualidade em contextos regionais. Entre os exibidos estão “Shangri-la”, de Isabel Sandoval (EUA), “Os Prazeres do Amor no Irã”, de Agnès (França), “Pussy”, de Renata Gasiorowska (Polônia), e “Uma Paciência Selvagem me Trouxe até Aqui”, de Éri Sarmet (Brasil).

Ao todo, serão realizadas seis sessões ao ar livre com apresentações de DJs, VJs e bandas, 21 sessões na sala de cinema do CCBB Brasília, sendo uma infantil e uma especial com acessibilidade, três debates, um sobre narrativas íntimas e ancestralidade, outro acerca de acessibilidade e cinema, e, por fim, outro sobre afeto e sexualidade, mais seis oficinas, sendo quatro voltadas a escolas públicas, com ônibus levando e buscando alunos de escolas selecionadas até o Centro Cultural, uma oficina aberta ao público no CCBB e outra aberta ao público em São Sebastião.

Desenvolvida por Luênia Guedes, a oficina aberta ao público apresentada no CCBB leva o nome “De Ver Cidade – Brincando de inventar cidade”, uma imersão lúdica pelo plano urbanístico de Brasília. A atividade acontece dia 20/09, às 14h30, com 30 vagas e volta-se a crianças de 6 a 12 anos. Todas as sessões, bem como a oficina aberta ao público e os debates são gratuitos. O acesso se dá mediante retirada de ingresso na bilheteria do CCBB, sujeito à lotação conforme o limite dos espaços.

A mostra também trabalha com um consultor de acessibilidade e dispõe de área reservada para pessoas com deficiência nas sessões ao ar livre, intérpretes de Libras nos debates, audiodescrição de projeção mapeada (necessário solicitar à produção), além da realização de sessão especial no dia 21 de setembro, com legendagem descritiva em tela, audiodescrição e janela de Libras.

A ação “Vem pro CCBB” conta com uma van que leva o público, gratuitamente, para o CCBB Brasília. A iniciativa reforça o compromisso com a democratização do acesso e a experiência cultural dos visitantes.

A van fica estacionada próximo ao ponto de ônibus da Biblioteca Nacional. O acesso é gratuito, mediante retirada de ingresso, no site, na bilheteria do CCBB ou ainda pelo QR Code da van. Lembrando que o ingresso garante o lugar na van, que está sujeita à lotação, mas a ausência de ingresso não impede sua utilização. Uma pesquisa de satisfação do usuário pode ser respondida pelo QR Code que consta do vídeo de divulgação exibido no interior do veículo.

No dia 5 de outubro, Cinema Urbana encerra sua edição especial com uma festa de encerramento aos moldes da abertura, com o coletivo Jamaicana. A mostra Cinema Urbana é uma produção da Moveo Filmes, apresentada pelo Centro Cultural Banco do Brasil e Governo Federal através da Lei de Incentivo à Cultura do Distrito Federal, Secretaria de Cultura e Economia Criativa do DF e Governo do DF.

Cinema Urbana – Mostra Internacional de Cinema de Arquitetura – Edição especial no CCBB Brasília
Data:
13 a 26 de setembro; 5 de outubro
Local: CCBB Brasília (13 a 26/09) – SCES, Trecho 2, Lote 22, Edif. Presidente Tancredo Neves, Setor de Clubes Espacial Sul, Brasília/DF – (61) 3108 7600 – e Praça do Reggae em São Sebastião (05/10)
Entrada: gratuita, mediante ingresso disponível no site bb.com.br/cultura ou na bilheteria física do CCBB

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