Ancine inicia processo de elaboração da cota de tela 2025

A Agência Nacional do Cinema (Ancine) realizou, na última terça-feira, 1º de outubro, o primeiro encontro do ciclo de oitivas com representantes do setor audiovisual, visando avaliar a cota de tela de 2024 e discutir os parâmetros para a cota de 2025.

Conforme estabelecido pela Lei nº 14.814, de 15 de janeiro de 2024, que renovou a cota de tela nas salas de cinema do país, a Ancine é responsável tanto pela fiscalização do cumprimento da obrigatoriedade quanto pela participação ativa na formulação do decreto anual da cota de tela, a partir da realização de oitivas com o setor e da preparação de estudos e análises de mercado.

Estão previstos ainda mais encontros com o setor este ano, inclusive reuniões técnicas com cada segmento cinematográfico (produção, distribuição e exibição).

Após as oitivas, a Ancine, levando em conta os subsídios apresentados, encaminhará ao Ministério da Cultura (MinC) proposta contendo parâmetros para o decreto anual da cota de Tela para 2025.

Durante a oitiva, a Secretaria de Regulação da Ancine apresentou um panorama detalhado do mercado exibidor brasileiro, destacando os indicadores mais recentes. Em 2024, o setor de exibição, no que tange ao número de salas e de sessões ofertadas, se recuperou e voltou a níveis pré-pandemia. Até 27 de setembro, o Brasil contava com 3.464 salas de cinema em operação, evidenciando a resiliência do parque exibidor após três anos de crescimento consecutivo.

No que se refere ao público, 2024 manteve uma trajetória de estabilidade, com 90 milhões de espectadores até setembro, em comparação aos 88 milhões no mesmo período de 2023. Embora o público total e o número de salas tenham permanecido estáveis, o market share dos filmes brasileiros ainda apresenta desafios. Em 2024, até a semana cinematográfica 37, que terminou em 18 de setembro, a participação do público em produções brasileiras foi de 8,3%, com mais de 7,5 milhões de público, um aumento significativo em relação a 2023 (3,7 milhões de espectadores), mas ainda distante dos níveis pré-pandemia, como os 24,2 milhões de 2018 e 24,1 milhões de 2019. O mesmo comportamento se verifica com os filmes estrangeiros, que tiveram 152,9 milhões de espectadores em 2019 e 110,3 milhões em 2023, uma queda de aproximadamente 28%.

Um dado positivo é o aumento do número de sessões programadas para filmes brasileiros, que representaram, até 18 de setembro, 14,5% do total em 2024, enquanto a participação dos filmes brasileiros no público total foi de 8,3%. Esse aumento pode ser atribuído à reestabelecida cota de tela. Entretanto, a média de público por sessão dos filmes brasileiros ainda é inferior à dos filmes estrangeiros, o que se deve, em parte, à reserva dos horários de maior demanda para produções internacionais.

Visando à ampliação do resultado dos filmes brasileiros, a Ancine avalia a adoção de medidas de estímulo à programação em sessões de maior procura, tanto nos horários durante a semana quanto nos fins de semana.

Outro desafio está na concentração de público em torno dos grandes lançamentos, predominantemente estrangeiros. Em 2024, os 20 maiores lançamentos responderam por 75,5% do público total, com os cinco maiores representando 46,9% desse total, uma elevação em relação aos números de 2023.

O Panorama de Mercado apresentado pela Ancine na oitiva pode ser acessado aqui.

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