Festival de Ouro Preto festeja Marisa Orth com Troféu Vila Rica por sua bem-humorada trajetória no cinema brasileiro
Foto: Marisa Orth entre o filho João e Anna Muylaert © Leo Fontes/Universo Produção
Por Maria do Rosário Caetano, de Ouro Preto (MG)
A atriz Marisa Orth, paulistana de 61 anos e quase 1m80 de altura, foi a grande estrela da noite de abertura da vigésima edição da Cine OP (Mostra de Cinema de Ouro Preto). Ela recebeu o Troféu Vila Rica — por sua bem-humorada trajetória no audiovisual brasileiro — das mãos da cineasta Anna Muylaert, “amiga que a levou para o cinema, desde os tempos do Super 8”, e do filho João Antônio Orth Pereira. “Ele é cineasta também”, brincou, “mas eu bem que avisei!” .
A homenagem à atriz paulista foi conduzida por duas irreverentes e talentosas estrelas mineiras, Inês Peixoto, do Grupo Galpão, e Adrianna, cantora de voz privilegiada. Elas cantaram, juntas, “Todas as Mulheres do Mundo”, de Rita Lee, canção cujos versos asseguram que “toda mulher é meio Leila Diniz”.
A noite inaugural da Cine OP, aliás, começou com banda de música de ótimo repertório e enriqueceu-se com a voz privilegiada de Patrícia Cardoso. A quem coube solar a “Cantilena” da Bachiana número 5, de Heitor Villa-Lobos, que soou como homenagem indireta a outra artista mineira, a cantora Maria Lúcia Godoy, morta aos 101 anos, poucas semanas atrás.
Reconhecida e festejada nacionalmente como a “burrilda” Magda Salão Antibes, do seriado “Sai de Baixo”, Marisa Orth já brilhara, horas antes, em encontro com o público e com a imprensa, no Centro de Convenções da IOP (Universidade Federal de Ouro Preto).
Com muita ginga, fez questão de trocar ideias (e risos) com Anna Muylaert e com dois dos curadores da Cine OP, os pesquisadores Cleber Eduardo e Juliana Gusman. Esse ano, o festival mineiro pautou-se por tema atrevido e original: “O Humor das Mulheres no Cinema Brasileiro”.
A proposta consiste em mostrar que o Brasil é, sim, o país de Oscarito e Grande Otelo, Mazaroppi, Ronaldo Golias, Chico Anysio, Renato Aragão, Jô Soares, mas, também, de Dercy Gonçalves, Catifunda, Regina Casé, Ingrid Guimarães, Mônica Martelli, Tatá Werneck, Clara Anastácia e, também, da “intelectual do riso e sex symbol” Marisa Orth, a eterna Magda Salão Antibes.
Sobre a personagem que se tornou seu “cartão de visita”, Marisa Orth tem muito a dizer. Ela sabe que a personagem — a esposa de voz infantilizada do autoritário Caco Antibes (Miguel Falabella) — é “ninfomaníaca, burra e submissa”. Sabe que Madame Antibes começou (a primeira de sete temporadas) como “uma tonta e terminou como uma ameba”. Mas serviu como “representação crítica”, jamais como “elogio a uma mulher obtusa”.
O público assistiu, na noite da homenagem a Marisa Orth, a dois de seus curtas — o delicioso “A Origem dos Bebês Segundo Kiki Cavalcanti”, de Anna Muylaert, e o irreverente “A Má Criada”, de Sung Sfai. No primeiro, ela interpreta a mãe de Kiki, garotinha de jardim de infância, que explica aos coleguinhas como sua mamãe (Marisa Orth) engravidou do papai (André Abujamra) durante “uma luta” travada no leito conjugal.
No segundo filme, Marisa interpreta emprega sexy e atrevida, que põe o lar de um casal-margarina (Carlos Moreno e Cristina Mutarelli), embalado por canções de Doris Day, de cabeça para baixo. E dá a volta por cima, num processo de luta de classes de modelo pastelão (com direito a afundar a cara da patroa em bolo muito confeitado).
Alguns dos curtas e longas-metragens que contam com Marisa Orth em seus elencos serão exibidos em mostra retrospectiva pela Cine OP. Ela falou de alguns deles, em especial de “Não Quero Falar Sobre Isso Agora”, do “Maurinho Farias, um querido, que está chegando a Ouro Preto”.
Marisa atuou em “Durval Discos” e “É Proibido Fumar”, ambos de Anna Muylaert, “Podres Poderes” e “Maré, Nossa História de Amor”, os dois de Lúcia Murat, “Como Fazer um Filme de Amor”, de José Roberto Torero, “Família Vende Tudo”, de Alain Fresnot, “Por Trás do Pano” e “De Onde Eu te Vejo”, ambos de Luiz Vilaça, “Capitalismo Selvagem”, de André Klotzel, “Boleiros – Era Uma Vez no Futebol”, de Ugo Giorgetti (nesse interpretou uma Maria Chuteira), e na versão cinematográfica de “Sai de Baixo”, dirigida por Cris D’Amato.
Vestida com agasalho de lã, de cores discretas, Marisa Orth “causou” no concorridíssimo encontro na Cine OP, ao lado da amiga Anna Muylaert. Bateu um bolão com a cineasta, tendo os curadores do segmento “Histórico”, Cléber Eduardo e Juliana Gusmão, como mediadores.
A cineasta Anna Muylaert acaba de chegar de 70 dias de filmagens de “Geni e o Zepelim”, no Acre. Marisa está em cartaz, em São Paulo, com a montagem teatral “Barbara”, inspirada no livro autobiográfico “A Saideira: Uma Dose de Esperança Depois de Anos Lutando Contra a Dependência”. Trata-se de relato da jornalista de Bárbara Gancia sobre seus tempos de alcoolismo desmedido.
Por causa da peça, Marisa passou poucos e rápidos, embora intensos, dias em Ouro Preto, ao lado do filho João Antônio. Ela fez questão de imprimir tom tragicômico à luta contra o álcool empreendida por Bárbara Gancia. Aliás, marca já adotada pelos escritos da jornalista italo-paulistana. O desempenho de Marisa como “Barbara” rendeu a ela o Prêmio Bibi Ferreira de melhor atriz, em 2024. O espetáculo, que já passou por várias cidades brasileiras, cumpre temporada final em São Paulo, onde estreou.
Na conversa pública entre as amigas, Marisa Orth e Anna Muylaert, as duas pareciam tão afinadas quanto dois craques de futebol. Uma dava o passe para a outra chutar e marcar o gol. Ambas fizeram questão de destacar a longa amizade que as une, desde a adolescência.
Eis alguns trechos da conversa ouro-pretana, pontuada por risos, tiradas e surpresas orthianas:
Marisa Orth: “Anna e eu tivemos a sorte de nascer em famílias que cultivavam a cultura e as artes. Amávamos música, teatro, filmes. Escutávamos músicas de nossos grandes compositores populares. Amávamos Chico Buarque, mas Anna o amava ainda mais que todas nós”.
Anna Muylaert: “Como se chamava aquele teatro de que tanto gostávamos na nossa juventude? Teatro Off. Isso mesmo. Naquela época, final da ditadura, tudo era difícil. Eu sonhava fazer cinema. Quando chegaram os tempos do Collor, do confisco, tudo ficou ainda mais difícil. Meus amigos foram fazer literatura (o Fernando Bonassi), vídeo (a Tata Amaral), enquanto a turma da Marisa Orth se entregou ao teatro. Eu fui trabalhar na TV Cultura. Teve um lado bom. Lá tive que estudar Dramaturgia, voltar ao Aristóteles, pois na ECA-USP não se falava em dramaturgia, em construção de roteiro. Quando dirigi meu primeiro longa, “Durval Discos”, no começo dos anos 2000, disse a mim mesma: “Agora eu posso morrer!”. Minha geração enfrentou uns dez anos de muitas dificuldades, fazer cinema no Brasil tornara-se quase impossível”.
Marisa: “Quando atuei no meu primeiro longa-metragem (“Não Quero Falar Sobre Isso Agora”, do Mauro Farias), no começo dos anos 1990, a produção brasileira estava reduzida a pouquíssimos filmes. Fomos ao Festival de Gramado e a Eliane Fonseca e eu, que contracenávamos com o Evandro Mesquita, ganhamos o Kikito de “melhores atrizes”. Concorremos com nós mesmas. Não havia outros filmes brasileiros. O que não quer dizer que nosso trabalho não fosse bom. Era ótimo! (risos). Depois, com muitos concorrentes, ganhei sozinha o prêmio de melhor atriz de curta. Então!!! Mas voltando ao filme do Mauro Farias, uma produção da RF Farias, produtora da maior importância: a situação era muito difícil, tempo de Collor e confisco. Apesar de tudo, nossa experiência foi maravilhosa. Realizamos um filme bem-humorado, com elenco afinado, fotografia de Marcelo Durst. Vocês acreditam que o assistente de câmara dele era o Breno Silveira (1964-2022)? O Mauro está chegando para acompanhar a exibição do filme aqui em Ouro Preto. Não percam. Mas Anna, e aqueles filmes de Super 8 que você fazia?! Você tinha uns 15 ou 16 anos e dirigiu ‘De Elevador, Por Favor’”…
Anna: “Filmamos e montamos, depois de filmarmos numa escada, daí o título “De Elevador, Por Favor”. Morríamos de rir de tudo que registrávamos. Achávamos o máximo. Quando fui mostrar para minha família, crente que todos cairiam na gargalhada, como nós, veio o espanto. Eles não acharam graça nenhuma. Aquela experiência foi uma escola para mim. Jurei nunca mais tentar ser engraçada. Ia contar histórias, se resultassem engraçadas, ótimo. Mas não ia ficar inventando piadas. Gosto muito do cinema dos irmãos Coen. Eles são grandes contadores de histórias que nos fazem rir, sabem misturar drama e humor”.
Marisa: “Os grandes humoristas, muitas vezes, são pessoas depressivas, tristes. Há caso mais impressionante que o do Péricles, criador do ‘Amigo da Onça’? Ele vivia do humor e se matou aos 37 anos. Ligou o gás. E sabem que bilhete ele deixou para explicar seu gesto? “Não risque o fósforo, é gás”. O humor é assim. Pode ser uma arma. Tem quem se alivie fazendo piada de coisa séria. Hoje, com o ‘identitarismo’, com o ‘lugar de fala’, com o ‘politicamente correto’, tudo se tornou mais difícil. Temos que lutar por um humor inteligente, crítico. Aos 21 anos interpretei uma velha de 80 anos. Hoje, uma mulher jovem não pode mais interpretar uma idosa. Não nego meu sonho: interpretar um homem que faz transição de sexo e vira mulher. Eu sou grandona, creio que faria muito bem a personagem. Mas parece não ser mais possível nesses nossos dias”.
Anna: “Eu passei por essa difícil experiência com ‘Geni e o Zepelin’, recriação livre da personagem de Chico Buarque. Escolhemos uma atriz cisgênero (Thainá Duarte), pois, para mim, uma mulher pode interpretar um homem se a obra for uma ficção. E um homem pode interpretar uma mulher. Veio, porém, o debate. Uma parte do movimento trans sofreu muito com minha opção. Nas conversas que mantivemos, algumas delas me disseram que estavam tomando calmante, pois a escolha de uma cisgênero para interpretar Geni as feria profundamente. Decidimos, então, escolher uma atriz trans para o papel. Escolhemos Ayla Gabriela, que é pouco conhecida (fez o curta “Pássaro Memória”, de Leonardo Martinelli). Se estivéssemos em outra situação, não num caso emergencial (produção toda estruturada no Acre e mudança de atriz-protagonista em cima da hora), teríamos que escolher um nome famoso, que agradasse aos produtores. A emergência nos favoreceu e Ayla fez um belo trabalho, vocês vão ver quando o filme estrear. Sobre as filmagens no Acre, onde passei 70 dias, constatei que a ayuasca está para a região, assim como o samba está para o Rio de Janeiro. É uma prática recorrente, de quase todo mundo. Até o policial toma seu chá de ayuasca num ritual de fim de semana. Tornou-se prática cotidiana ligada à Medicina da Floresta. É um ritual aceito, forte, positivo”.
Marisa: “A Anna e eu vivemos muitas experiências juntas. O humor da desgraça, não o da graça, nos marcou. Fomos juntas ver Regina Casé no ‘Trate-me Leão”….
Anna: “Num certo momento, a personagem incorporada pela Regina Casé batia um bolo. E o fazia de tal jeito, que morríamos de rir. Era algo que nos encantava. Tive a alegria de trabalhar com ela no ‘Que Horas Ela Volta?’. Foi uma experiência incrível. Projetamos o filme numa praça pública no Acre, semanas atrás, e a reação do público foi surpreendente. Todos riram, se divertiram. Na cena da bandeja, então! Até eu ri muito ao revê-la”.
Marisa: “Sou uma atriz formada nos tempos do besteirol carioca, do Teatro Off, onde Grace Gianoukas nos matava de rir com seu imenso talento. Ela e a turma da “Carroça sem Rumo”, como definiam, brincando, a cidade deles, Porto Alegre. Sou do tempo do “Bailei na Curva”, espetáculo maravilhoso de uma trupe gaúcha; das peças do Naum Alves do Souza. Sou da geração de atrizes como Fernanda Torres, Débora Bloch, Denise Fraga…”
Anna: “Continuo acreditando que um atriz cisgênero pode interpretar uma personagem trans, se a narrativa for ficcional, mas no caso de ‘Geni e o Zepelin”, creio que fizemos bem em ampliar o debate e realizar a mudança”.
Marisa: “Rita Lee (o filme “Ritas” integra a programação da Cine OP) foi uma espécie de madrinha da nossa geração. Trabalhei com ela no curta “Tanta Estrela por Aí”, do Tadeu Knudsen. Ela interpretou Raul Seixas e eu uma das mulheres dele. Quando me sentei no colo “dele/dela” (Raul Seixas/Rita Lee), gelei. Ela mignon e eu grandona. Temia machucá-la. Rita foi uma pessoa maravilhosa. Quando trabalhamos no ‘Saia Justa’, ela chorou no meu jeans, de sofrimento com uma crítica publicada na Folha de S. Paulo, então um veículo muito influente. O crítico esculhambava o disco dela, o “Balacobaco”, que era maravilhoso, trazia, entre outras pérolas, ‘Amor e Sexo” (parceria dela com Arnaldo Jabor e Roberto Carvalho). Diziam que ela nada tinha a ver com o rock’n roll. Era patrulha do rock em ação. Ela era mais forte que eu às críticas, mas também sofria. Tinha muito humor, inventava personagens. Ela dizia que só queria ser BB (Brigitte Bardot), pela beleza e amor aos animais. Já eu sofro muito com as críticas, pois não tenho a autoestima da (cantora) Anita”.
Anna: “Marisa se formou no teatro independente paulistano, na Vanguarda Paulista, no grupo (musical) Luni, depois na banda Vexame. Sempre cultivando o humor”…
Marisa: “No começo, eu pensava em manter distância do humor. Queria ser intelectual, cult. Quando comecei a fazer teatro com o Ilo Krugli (1930-2019), no grupo Vento Forte, fiquei decepcionada quando ele me disse que eu levava jeito para o humor. Fiquei ofendida! Depois, com a Magda Antibes, no ‘Sai de Baixo’ (TV Globo), ganhei imensa projeção. Houve quem achasse que eu tinha vendido minha alma ao diabo. À Globo. Que, registre-se, naquele tempo pagava Fundo de Garantia, plano de saúde, tudo direitinho, para seus atores. Hoje, não é mais assim, pois a emissora está seguindo o modelo do streaming”…
Anna: “Estou muito preocupada com o streaming, que está destruindo as formas nacionais de se fazer cinema e TV no Brasil. Como continuar trabalhando do nosso jeito, se o streaming tem suas “notes” (regramento) escritas. São ordens que devem ser cumpridas pelos produtores e realizadores. Filmes e séries são obrigados a seguir esse manual. E, infelizmente, ele está contaminando até o cinema independente. Nem a regulação das plataformas conseguimos e já estamos correndo o risco de ver nossos filmes transformados em pasta de amendoim”.
Marisa: “A regulação prevê cobrança de taxa de 12%. Com toda sinceridade, acho pouco. Devia ser de 25%”.
FLASHES OURO-PRETANOS
UFOP E A PRESERVAÇÃO – Durante o debate, “Formação em Preservação Audiovisual no Brasil”, promovido pelo segmento “Educação”, da Cine OP, o professor Frederick Magalhães, do Instituto de Filosofia, Artes e Cultura, da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), anunciou o avanço dos estudos necessários à criação do curso de bacharelado em Cinema e Audiovisual (com ênfase em Preservação). O futuro curso pretende aproveitar o rico patrimônio de Ouro Preto, cidade que já foi cenário de filmes como “Os Inconfidentes”, de Joaquim Pedro, e “Rebelião em Vila Rica”, dos irmãos Santos Pereira, para formar especialistas em restauração de materiais audiovisuais. O Instituto de Filosofia da UFOP já atua na preservação fotográfica, com seu Laboratório Arquivo de Fotografias (La Foto). A criação do novo curso pretende integrar produção e preservação. “Estamos construindo um futuro no qual memória e arte se entrelaçam, preservando narrativas visuais e sonoras”, assegurou o professor. “A criação do curso visa também impulsionar novas pesquisas sobre o patrimônio audiovisual dessa cidade histórica, com olhar atento à recuperação e restauração de materiais que ainda permanecem perdidos ou desconhecidos”. Nesse sentido, muito deverão ajudar as pesquisas de Laura Godoy, que realiza amplo levantamento sobre a passagem do cineasta Orson Welles por Ouro Preto, no início da década de 1940. Vinte anos depois, a antiga capital mineira receberia a visita de Jean-Paul Sartre e Simone de Beauvoir. Outra viagem que merece minuciosa reconstituição audiovisual.
ANGÉLICA E VIEIRA – A Mostra de Cinema de Ouro Preto prestou tributo a dois profissionais dedicados à preservação do audiovisual brasileiro: Maria Angélica dos Santos, ligada à história da Cinemateca Capitólio do Rio Grande do Sul, e a João Luiz Vieira, professor da UFF, pesquisador e criador do Lupa (Laboratório Universitário de Preservação Audiovisual, da Universidade Federal Fluminense). Este projeto foi destacado, no Olhar de Cinema de Curitiba, pela cineasta Ana Rieper. Ao realizar seu longa documental “Paraíso” (em competição da Cine OP), Ana lembrou a importância dos filmes domésticos (registros de batizados, casamentos, festas de aniversário e reuniões familiares) guardados pelo Lupa. Muitos deles foram de grande importância na composição de “Paraíso”.
LUPA E A MEMÓRIA — O professor Rafael de Luna Freire substituiu João Luiz Vieira na coordenação do Lupa. Desde o ano 2000, em ato pioneiro, a UFF passou a oferecer disciplina de Preservação Audiovisual (transformada em matéria obrigatória no curso de Cinema a partir de 2005). O Lupa, criado em 2017, é um laboratório que integra ensino, pesquisa e extensão, com atividades práticas realizadas por professores e alunos. Luna cita, como uma das mais importantes realizações do Lupa, a “digitalização de bitolas estreitas e revisão de filmes em moviolas Super 8, sem depender de deslocamentos a outros arquivos”.
ESPECIALISTAS NA UNILA — Qual é a demanda de especialistas, com formação universitária, exigida pelo mercado de preservação audiovisual? Rafael de Luna acredita ser necessário quantificar “o número de profissionais que o mercado será capaz de absorver para evitar excesso ou escassez de especialistas.” Virginia Flores, da UNILA (Universidade Federal da Integração Latino-Americana), sediada em Foz do Iguaçu, apresentou o Labs Caps (Laboratório de Cinema e Audiovisual para Preservação da Imagem e do Som), criado em 2024, sob inspiração da Rede Universitária de Acervos Audiovisuais (RUA). O novo laboratório “foca na catalogação de acervos natos digitais e fitas mini-DV, que registram movimentos sociais locais”. Virgínia lembrou que, “embora estejamos na luta para digitalizar esses materiais, enfrentamos muitas barreiras técnicas, como a falta de equipamentos compatíveis”. A Unila, criada para integrar Brasil, Paraguai e Argentina, atua na Tríplice Fronteira e vem estabelecendo, na área do Audiovisual e da preservação, parcerias com instituições como o MIS (Museu da Imagem e do Som do Paraná) e com a Itaipu Binacional.
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