Novo cenário na gestão audiovisual do Brasil

Por Orlando Senna

Pola Ribeiro está sendo confirmado, hoje, pelo Ministro da Cultura Juca Ferreira, como o novo Secretário Nacional do Audiovisual. Durante os últimos trinta dias aconteceram muitas reuniões do ministro com distintos segmentos audiovisuais, em busca de um perfil gerencial capaz de repotencializar a Secretaria do Audiovisual do MinC, no sentido da retomada, ampliação e projeção para o futuro de seus programas enraizados na cultura midiática contemporânea e de seu papel de complementaridade com relação à Ancine-Agência Nacional do Cinema. Nos dois primeiros anos do governo Dilma, 2011 e 2012, a SAV perdeu substância e importância e, desde então, tenta agonicamente reconquistar esse binômio, essa rima.

Pola Ribeiro é baiano, cineasta (O Jardim das Folhas SagradasA Lenda do Pai Inácio), formado em Comunicação com mestrado em gestão social. Ex-diretor da TVE Bahia e do Irdeb-Instituto de Radiodifusão Educativa da Bahia e ex-presidente da Abepec-Associação Brasileira das Emissoras Públicas, Educativas e Culturais, funções que desempenhou com sucesso. Ele se mostra bem consciente da missão de repotencializar a SAV e da construção de um desenho mais colaborativo na relação com a Ancine.

A Ancine continuará a ser presidida por Manoel Rangel, que tem mandato até 2016 e vem realizando uma gestão histórica. É seu terceiro mandato, conta com o apoio do setor, está conseguindo avanços importantes na regulação do mercado e tem como meta principal a expansão da atividade, levar o Brasil a figurar entre os cinco maiores mercados mundiais de audiovisual (em 2014 ocupou o décimo lugar). Na busca do necessário equilíbrio entre o mercado e a cultura, Rangel e Pola com certeza juntarão esforços para a redução da burocracia, considerado por produtores, distribuidores e criadores como o principal entrave no caminho do crescimento da atividade.

A essa nova composição entre o MinC e a Ancine somam-se as ações que estão ocorrendo nos dois polos principais do mercado audiovisual brasileiro, os municípios do Rio de Janeiro e de São Paulo. Na capital carioca a empresa municipal Riofilme está em processo de reestruturação, após recente diminuição de recursos decidida pelo prefeito Eduardo Paes e as manifestações do movimento Rio: Mais Cinema, Menos Cenário, basicamente pedindo mais transparência nos gastos, maior diversidade nos projetos contemplados e investimentos mais robustos na economia audiovisual. Sérgio Sá Leitão, que preside a empresa desde 2008 (com investimento de cerca de 200 milhões de reais em mais de 300 projetos) deixará o cargo logo após o carnaval. A nova presidente da Riofilme será Mariana Ribas, atual diretora comercial da empresa.

Em São Paulo, a atmosfera é de otimismo e celebração com a instalação de uma empresa municipal audiovisual, a Spcine, organizada durante a gestão do atual ministro Juca Ferreira como Secretário Municipal de Cultura da maior e mais influente cidade da América Latina. Agora os dois polos audiovisuais brasileiros mais importantes contam com empresas municipais focadas na atividade. O presidente da Spcine, nomeado na semana passada, é Alfredo Manevy, experiente gestor com passagens no MinC e na Secretaria Municipal de Cultura paulistana. A empresa investirá 60 milhões de reais no decorrer de 2015, manejando repasses provenientes da prefeitura, do estado de São Paulo e da Ancine, com previsão de aumento de recursos em 2016.

Todos os citados (com exceção de Mariana Ribas, com quem não consegui falar) acreditam que a gestão pública do audiovisual brasileiro está começando um novo ciclo, tanto pela disposição deles de alcançar metas ousadas como pela instalação da Spcine, um novo e poderoso player no cenário. Amém.

 

Artigo publicado no Blog Refletor – http://refletor.tal.tv/tag/orlando-senna

One thought on “Novo cenário na gestão audiovisual do Brasil

  • 31 de julho de 2015 em 18:09
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    Infelizmente nosso Minas Gerias, esta muito atrasado nesta questão Audio Visual.
    Não conheço nenhuma entidade ou associação para nos representar.
    Ou Você se muda para o Rio ou São Paulo, ou morre sozinho.

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