Brasília ganha festival internacional de cinema

A partir de julho, Brasília será inserida no circuito dos grandes festivais internacionais com a realização do I BIFF – Brasília International Film Festival (Festival Internacional de Cinema de Brasília), que no período de 13 a 22 de julho irá exibir uma seleção de filmes escolhidos entre o melhor da produção disponível nos festivais de Sundance (EUA), Berlim (Alemanha), Cannes (França), San Sebatian (Espanha) e Veneza (Itália). Serão 12 longas-metragens inscritos na mostra competitiva e outros 42 títulos exibidos em mostras paralelas de grande relevância, como uma retrospectiva do trabalho da atriz Anna Karina, a musa da Nouvelle Vague, que virá a Brasília especialmente para o evento. O I BIFF ocupará as quatro salas do Cine Cultura Liberty Mall e ainda o Museu Nacional da República. A direção geral é de Nilson Rodrigues e Anna Karina de Carvalho.

A iniciativa de criação do BIFF responde a um anseio do público de Brasília, habitualmente frequentador das salas de cinema de arte. A capital brasileira já conta com um festival internacional de teatro (o Cena Contemporânea), de música (FIB – Festival Internacional de Inverno de Brasília), de dança (Festival Internacional Nova Dança). Agora, ganha também seu festival internacional de cinema, que promete trazer para a cidade títulos produzidos em todos os continentes, a nova produção independente brasileira, mostras retrospectivas, convidados internacionais e nacionais, entre diretores e atores que participarão dos debates sobre os filmes e seminários.

A programação inclui ainda sessões especiais gratuitas para crianças e jovens da rede pública de ensino do DF e oficinas de capacitação, como foco nos jovens iniciantes na área audiovisual.

Convidada especial desta primeira edição, a dinamarquesa Hanne Karin Bayer virou Anna Karina por sugestão da célebre estilista francesa Coco Chanel. Na época, estava recém-chegada de Copenhagen, de onde fugira ainda adolescente, pedindo carona na estrada, por conta de conflitos com os pais. Ao conhecer Coco, quando era modelo da revista “Elle”, ela lhe previu um grande futuro. O prognóstico estava certo, mas não foi como modelo que Anna Karina alcançaria a fama.

Além de se tornar a grande musa de Jean-Luc Godard, foi (apesar de Jeanne Moreau, Jean Seberg e Brigitte Bardot) a atriz mais luminosa e emblemática do cinema francês dos anos 60.

Foi vendo Anna Karina num comercial de sabonete que Godard se interessou por ela. Ficaram casados durante sete anos, fizeram sete longas-metragens e o único episódio realmente memorável de “A Mais Velha Profissão do Mundo”. Uma parceria fecunda que rendeu obras-primas como “Viver a Vida”, “Pierrot, le Fou” e “Alphaville”, além dos adoráveis “Uma Mulher é uma Mulher”, “O Pequeno Soldado”, “Band à Part” e “Made in USA”. Foi, sem dúvida, a melhor e mais inspirada fase da obra godardiana.

Também foi a melhor fase da extensa filmografia de Anna Karina, que, por sinal, trabalhou com outros grandes diretores – como Luchino Visconti (“O Estrangeiro”), Jacques Rivette (“A Religiosa”), George Cukor (“Justine”), Valério Zurlini (“Mulheres no Front”), Rainer Werner Fassbinder (“Roleta Chinesa”). E, claro, Serge Gainsbourg, que a dirigiu no musical “Anna” e a elegeu como uma das intérpretes favoritas de suas lânguidas canções, ao lado de Jane Birkin e Brigitte Bardot.

Antes de atuar e de ser modelo, seus dotes vocais foram bem aproveitados por Godard em “Uma Mulher é uma Mulher”, uma homenagem aos musicais hollywoodianos, e no cultuado “Pierrot, le Fou”. Na pouco vista comédia musical “Anna”, em papel feito sob medida para a cantriz, interpretou repertório de Gainsbourg. A partir deste milênio, a música passou a ocupar espaço em sua vida profissional. Foi a partir do ano 2000 que lançou seus três únicos álbuns solo: “Une Histoire d´Amour”, “Chansons de Films” e “Vilain Petit Canard”.

 

PROGRAMAÇÃO

MOSTRA COMPETITIVA – 12 longas-metragens, com premiação de melhor filme, melhor diretor, melhor roteiro original, melhor ator e melhor atriz.

MOSTRA INFANTIL DE FILMES DE ANIMAÇÃO – 6 filmes (curadoria de Luciana Druzina)

O NOVO CINEMA EUROPEU – 6 filmes –  Filmes da nova geração de cineastas europeus

PANORAMA ÁFRICA – 6 filmes – O cinema africano contemporâneo

INDEPENDENTES AMERICANOS – 6 filmes – Os novos filmes independentes dos EUA

RETROSPECTIVA ANNA KARINA – 6 filmes

SUBTERRÂNEOS – 6 Filmes experimentais

CARA LATINA – 6 filmes latinos (Curadoria Priscila Miranda)

 

Mais informações: www.biffestival.com.

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