Roberto e Reginaldo Farias são homenageados na CineOP
A 7ª CineOP – Mostra de Cinema de Ouro Preto, teve início nesta quinta-feira, com a cerimônia de abertura no histórico Cine Vila Rica. Este início deixou muito claro o tom da edição, com foco na importância urgente da preservação do patrimônio audiovisual brasileiro, tema presente tanto na apresentação quanto nos discursos dos convidados.
Grande colaborador do evento, o montador, cineasta, crítico e gestor cultural Gustavo Dahl, falecido poucos dias após o encerramento da última CineOP, em 2011, foi um dos homenageados da noite. O resgate de algumas entrevistas de Dahl deixaram clara sua preocupação com a preservação de nossa memória audiovisual, o que foi reforçado pelo depoimento de sua filha na homenagem: “A última vez que vi meu pai foi quando voltou de Ouro Preto, há um ano. Ele estava muito feliz de ter revisto vários amigos e me disse que o que o movia profissionalmente, aquilo no qual ele vinha se dedicando de corpo e alma, era a questão da preservação audiovisual”.
A outra dupla homenageada da noite, os irmãos Roberto Farias e Reginaldo Faria, também não fugiu ao tom do evento. Após um vídeo-homenagem que resgatou grandes momentos das carreiras de ambos, Roberto Farias subiu ao palco para receber o Troféu Vila Rica e reforçou a importância da temática deste evento. “Após quase 60 anos de profissão, vejo cada vez mais a importância da preservação de nossa produção, a medida que acompanho mais e mais filmes se perdendo”, afirmou Farias, e para terminar brincando com o público: “Com 80 anos agora, eu mesmo já começo a precisar ser preservado”.
Já Reginaldo Faria lembrou de como o irmão, desde cedo, o levou para o cinema e para a atuação, e de como era grato a ele por isso. Reforçou também a importância de políticas públicas que contemplem a preservação audiovisual. “Se reservassem um único fundo para a preservação audiovisual, um pequenino fundo, como esse que reservaram para a reforma do Maracanã agora, o cinema brasileiro estaria muito melhor”, afirmou Faria.
Não só os irmãos Farias e Gustavo Dahl foram homenageados nessa noite de abertura da 7a CineOP. Foram lembrados também na cerimônia o centenário do escritor e roteirista Lucio Cardoso, e os recém-falecidos José Américo Ribeiro, professor e pesquisador mineiro, e os cineastas Paulo César Saraceni e Carlos Reichenbach, bastante aplaudidos pelo público presente.
A programação do Seminário do Cinema Brasileiro e do Encontro Nacional de Arquivos tem início nesta sexta com os debates sobre os homenageados desta edição e com os encontros da Rede Kino (Rede Latinoamericana de Educação, Cinema e Audiovisual) e da ABPA (Associação Brasileira de Preservação Audiovisual). Entre os filmes, os destaques ficam por conta dos filmes-homenagem Cidade Ameaçada, de Roberto Farias, e O Carteiro, de Reginaldo Faria, ambos no Cine Vila Rica, além da exibição do vencedor da última Mostra de Tiradentes, A Cidade é uma Só?, de Adirley Queirós, no Cine Praça.
No sábado, a Temática Preservação toma conta da programação, começando pelo debate “Preservação Audiovisual: Panorama Atual”, com a presença da Secretária do Audiovisual, Ana Paula Santana, e os workshops “Estratégias de Migração de Conteúdo Audiovisual” e “O Impactor do Digital na Preservação Audiovisual”, ministrados respectivamente pelo mexicano Carlos Edgar Torres Perez, da Cineteca Nacional de Mexico, e pela norte-americana Caroline Frick, presidente da Association of Moving Image Archivists.
Dentro da Temática Educação, acontecerá o debate “Cinema e Audiovisual como Prática Social”. A programação de filmes também será intensa, com três sessões de curtas, o filme-homenagem O Bravo Guerreiro, de Gustavo Dahl, e as pré-estreias de A Mulher de Longe, de Luiz Carlos Lacerda, Vou Rifar meu Coração, de Ana Rieper, e Dino Cazzola – Uma Filmografia de Brasília, de Andréa Prates e Cleisson Vidal.